O peru é, atualmente, a proteína que mais simboliza o Natal em grande parte do mundo. Entretanto, nem sempre foi assim. De acordo com informações da BBC, uma das principais carnes para as festas natalinas, durante a Idade Média, era a cabeça de javali em conserva.

A cabeça de javali era, geralmente, apresentada na mesa,com uma maçã na mandíbula e uma decoração com ervas em seu entorno. No Reino Unido, o Queen’s College, da Universidade de Oxford, promove há séculos a Festa da Cabeça de Javali, que consiste em um banquete completo com uma cabeça de javali em conserva. No dia da celebração, as pessoas se reúnem para se alimentar e cantar a antiga “canção tradicional do Javali”.

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Somente em 1526, um jovem proprietário de terras de Yorkshire, na Inglaterra, chamado William Strickland, levou para o seu país, diretamente do continente americano, seis aves exóticas. Essas aves, compradas de comerciantes americanos, tinham pele avermelhada no pescoço, um tamanho considerável e caudas que chamavam a atenção de todos. Eram os perus. Quando seu navio chegou em Bristol, Strickland vendeu as aves aos habitantes locais.

Essa história, porém, até hoje, não foi confirmada. Por outro lado, em meados dos anos 1980, foram encontradas evidências que casavam com esta história. Arqueólogos encontraram, no centro da cidade de Exeter, no sul da Inglaterra, ossos de peru.

Apesar de não ter sido considerado algo significativo na época, em 2018 uma nova análise mostrou que os ossos de peru encontrados estavam rodeados de vidro e cerâmica sofisticada. O cenário sugeria que os perus teriam sido consumidos em um antigo banquete da nobreza.

Os ossos encontrados eram da época de 1520 a 1550, décadas que vão ao encontro da introdução das aves no país em 1526, conforme a história de Strickland.

Ter um peru na mesa virou na época um símbolo de status importante. Entretanto, os preços da ave não contribuíam para sua popularização.

Apenas em 1920, com os avanços da produção de alimentos, houve reduções dos preços das aves. Assim, os perus da Inglaterra foram criados para ficar maiores em um curto período de tempo. Atualmente, existem diversos perus com problemas ósseos, já que sua estrutura não acompanhou o desenvolvimento de seu peso superdimensionado.

A tradição do Peru na ceia de Natal

Entre as histórias tradicionais sobre o peru de Natal, credita-se atualmente ao escritor Charles Dickens a popularização do peru como prato tradicional de Natal.

Em seu relato, Dickens afirma que George Dolby, um amigo, prometeu a ele um peru para o seu almoço de Natal. A ave seria a maior e melhor de todo o condado de Herefordshire, na Inglaterra. O peru, que tinha 13 kg, foi morto, embalado e enviado de trem para Londres.

Entretanto, ele não chegou a Dickens, que, no dia seguinte, enviou uma carta perguntando onde estaria o peru prometido. Dolby, então, descobriu que a embalagem com o peru foi transferida para uma carroça, que pegou fogo no caminho.

O incidente não foi visto por Dickens como algo negativo, já que os restos carbonizados foram distribuídos para famílias pobres locais no almoço de Natal.

Em meados de 1930, os perus passaram a ter preços mais acessíveis para as pessoas comuns. Dessa forma, nos anos 30 eles superaram outros tipos de carne, e tornaram-se o prato principal entre os assados típicos do Natal.

No Brasil, acredita-se que a tradição de ter o peru como o prato principal no Natal veio da cultura norte-americana. Isso porque nos Estados Unidos, os americanos costumam consumir a ave na ceia de Ação de Graças, feriado bastante tradicional na cultura dos EUA.