Mais de 500 personalidades e organizações do mundo inteiro alertaram nesta quinta-feira em uma carta aberta sobre a “ameaça” para a democracia representada por “certos governos” durante a crise de saúde da COVID-19.

A Nobel de Literatura 2015, Svetlana Alexievich, o escritor francês Bernard-Henri Lévy, o ator americano Richard Gere, o Nobel da Paz 1983 e ex-presidente polonês, Lech Walesa, e a ex-secretária Estado americana Madeleine Albright estão entre os signatários da carta.

Redigida por iniciativa do Instituto Internacional para a Democracia e Assistência Eleitoral (IDEA), com sede em Estocolmo e sem citar qualquer país, a carta denuncia “os regimes autoritários (que) aproveitam esta crise (…) para silenciar seus críticos e reforçar sua marca política”.

“A democracia está em perigo (…). A liberdade, a saúde e a dignidade das pessoas estão em jogo em toda as partes do mundo”, afirmam.

O secretário-geral do IDEA, Kevin Casas-Zamora , afirmou à AFP que “da mesma maneira que a pandemia já tem consequências econômicas e sociais importantes, é muito provável que também já tenha efeitos políticos muito profundos”.

Ele citou os poderes de emergência do presidente filipino Rodrigo Duterte, o recurso aos centros de detenção em El Salvador, além da Hungria, onde os poderes de emergência invocados pelo governo deveriam permanecer até meados de junho, mas continuam vigentes.

Para Kevin Casas-Zamora, se os poderes de emergência são uma “parte legítima do arsenal” dos governos democráticos para enfrentar circunstâncias excepcionais, seu exercício deve ser “proporcional a esta emergência”.

Quanto à instauração de medidas estritas, como o confinamento e a privação de certas liberdades, o secretário-geral considera que ainda é difícil difícil avaliar com exatidão qual estratégia teria sido mais eficaz.

“Há mais possibilidades de encontrar (o) justo equilíbrio se você é capaz de experimentar, corrigir e ajustar suas políticas públicas”.