Num mundo conectado, não rola tentar desplugar sem provocar estragos. E o presidente Donald Trump parece não ter pensado nisso. Na primeira semana de agosto, ele decidiu proibir a operação nos Estados Unidos dos aplicativos TikTok e WeChat caso não sejam vendidos de seus controladores chineses. As reações começaram. No caso do TikTok, haveria interesse de a Microsoft comprar parte da empresa por US$ 50 bilhões. Mas o WeChat é um bicho diferente. E mais complexo. A Tencent, sua dona, não parece ter qualquer plano de venda. E seus executivos já deixaram claro que não atuar em território americano afetará apenas 2% das receitas. Usado por 1,2 bilhão de pessoas, o WeChat faz parte do dia a dia dos chineses não só para trocar mensagens e socializar. Hoje o aplicativo é uma das principais fontes de notícias e, principalmente, uma imprescindível carteira digital na rotina da economia do país. Ou seja, crucial para as empresas americanas que atuam na China. Segundo reportagem do The Wall Street Journal pelo menos uma dúzia de gigantes corporativos, como Apple, Ford, Intel, Procter&Gamble, Walmart e Walt Disney, procuraram a Casa Branca para demonstrar preocupação e a dimensão dos estragos.

(Nota publicada na edição 1185 da Revista Dinheiro)