A percepção de que o teto de gastos pode ser ‘furado’ no ano que vem azedou o dia positivo do Ibovespa, que vinha sustentando a quinta alta consecutiva na marca dos 114 mil pontos. Após apontar o golpe, que veio do Congresso Nacional quase no fim da tarde desta segunda-feira, 7, o principal índice acionário da B3 inverteu o sinal e chegou a perder 2 mil pontos, para 112.629,18 pontos na mínima, encerrando a sessão de negócios em queda de 0,14%, 113.589,77 pontos.

Minuta do substitutivo da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) emergencial, enviada hoje pelo relator, senador Márcio Bittar (MDB-AC), a lideranças do Senado após meses de impasse, a qual o Broadcast teve acesso, indica que o Congresso quer abrir caminho para despesas fora do teto de gastos pelo período de um ano, desde que sejam bancadas com receitas vindas da desvinculação de fundos públicos. “Furaram o teto”, afirmou uma fonte do mercado financeiro ouvida assim que o Ibovespa inverteu a mão.

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A partir daí, os investidores dispararam ordens de venda e as ações de primeira linha de bancos, que vinham dando sustentação à alta durante todo o dia, arrefeceram o ímpeto de alta, ainda que tenham encerrado o pregão com ganhos. Os papéis de Itaú Unibanco PN subiram 0,59%, Bradesco PN, 0,66%, Banco do Brasil ON, 1,45% e as units do Santander, 2,31%.

Houve recado formal do Ministério da Economia de que é contra qualquer proposta que trate da flexibilização do teto de gastos, mesmo que temporária, e o próprio ministro Paulo Guedes veio a público para dizer que conversou com o senador Bittar e que ele afirmou que não havia flexibilização do teto. De acordo com o ministro, o próprio presidente Jair Bolsonaro também negou a intenção. “Conversei com Bolsonaro, que também disse que não há flexibilização do teto”, afirmou Guedes.

No entanto, ainda assim, o Índice Bovespa não teve forças para reagir, muito embora o índice futuro tenha conseguido voltar ao positivo encerrando com avanço de 0,22%, aos 113.750 pontos.

Durante o dia, o fluxo de recursos estrangeiros foi fator determinante para manter o Ibovespa na contramão do movimento de baixa na maioria dos seus pares no exterior. “Há um movimento muito forte para emergentes, que deve seguir até fevereiro, quando os olhares se voltarão mais firmes para as movimentações no Congresso Nacional”, ressalta Luis Sales, analista de mercado da Guide Investimentos.