Pelo menos 70 pessoas foram mortas ou feridas em um ataque a uma prisão em uma área controlada por rebeldes no Iêmen, disseram equipes de resgate nesta sexta-feira(21), após uma série de bombardeios noturnos.

Bachir Omar, porta-voz do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) no Iêmen, indicou que o número de vítimas está aumentando após o ataque a Saada, reduto de origem dos rebeldes houthis.

Os socorristas começaram a retirar corpos dos escombros da prisão e a empilhar cadáveres desmembrados, segundo imagens chocantes divulgadas pelos rebeldes houthis apoiados pelo Irã.

Durante a noite, outro bombardeio da coalizão liderada pela Arábia Saudita que apoia o governo do Iêmen atingiu a cidade portuária de Hodeida, um posto rebelde no oeste do país, causando uma interrupção generalizada da Internet.

Segundo a ONG Save The Children, pelo menos três crianças morreram nesse ataque. “Aparentemente, eles estavam jogando em um campo de futebol próximo quando os mísseis caíram”, explicou a diretora da organização para o Iêmen, Gillian Moyes.

O hospital da cidade recebeu cerca de 200 feridos e disse que está sobrecarregado e não pode receber mais pacientes, informou a organização Médicos Sem Fronteiras.

“Ainda há muitos corpos no local do atentado e muitos desaparecidos”, disse Ahmed Mahat, chefe da delegação dos Médicos Sem Fronteiras no Iêmen.

– Direito à defesa –

A agência oficial de imprensa saudita informou que a coalizão lançou “bombardeios destinados a destruir a capacidade das milícias houthis de agir em Hodeida”.

A aliança militar indicou que atacou um “centro de pirataria e crime organizado”.

O porto de Hodeida é uma área estratégica por onde transita a ajuda humanitária ao Iêmen e é um bastião fundamental no conflito.

A organização NetBlocks, especializada em vigilância na Internet, relatou uma “interrupção de conexão à Internet em todo o país” após o atentado.

Correspondentes da AFP nas cidades de Hodeida e Sana’a confirmaram esta informação.

Essa escalada do conflito no Iêmen ocorre depois que os rebeldes houthis sequestraram um navio com bandeira dos Emirados no Mar Vermelho no início de janeiro.

A coalizão então ameaçou bombardear os portos controlados pelos rebeldes se o navio não fosse liberado.

Na segunda-feira, milícias houthis lançaram um ataque de drones a instalações petrolíferas em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos, deixando três mortos e seis feridos.

O Conselho de Segurança da ONU se reunirá nesta sexta-feira em uma sessão de emergência sobre o ataque houthi contra os Emirados, a pedido do país, membro não permanente desta entidade desde 1º de janeiro passado.

O assessor presidencial dos Emirados, Anwar Gargash, alertou que o país exerceria o direito de se defender, em comunicado enviado ao emissário dos Estados Unidos, Hans Grundberg, que foi publicado pela agência oficial WAM.

Os Emirados desempenharam um papel fundamental no estabelecimento, treinamento e armamento das “forças da Brigada dos Gigantes”, que permitiram que as forças do governo recapturassem uma província no sul do Iêmen.

Segundo a ONU, a guerra no Iêmen deixou 377 mil mortos entre vítimas diretas e indiretas desse conflito que já dura sete anos.