Pelo menos 15 pessoas morreram afogadas e dezenas estão desaparecidas após o naufrágio na costa de Bangladesh de um barco que levava refugiados rohingyas para a Malásia, anunciaram as autoridades locais nesta terça-feira.

Os 138 passageiros, em sua maioria mulheres e crianças, estavam viajando amontoados em um barco de pesca que navegava rumo à Malásia, em uma perigosa viagem de cerca de 2.000 km, segundo as autoridades de Bangladesh.

O naufrágio aconteceu perto da ilha de Saint-Martin, próxima da costa do distrito de Cox’s Bazar (sudeste), onde quase um milhão de refugiados rohingyas, minoria perseguida em Mianmar, vivem na miséria absoluta em campos de onde são proibidos de sair.

“Afundou por causa da sobrecarga. O barco foi projetado para transportar no máximo 50 passageiros. Também transportava carga”, declarou Hamidul Islam, porta-voz da Guarda Costeira de Bangladesh.

Setenta e uma pessoas foram socorridas, 46 delas são mulheres. Entre os mortos, 11 são mulheres e o restante crianças.

Anwara Begum, uma sobrevivente, perdeu dois de seus filhos, de 6 e 7 anos, no acidente. A família de quatro membros pagou a um traficante de Bangladesh 450 dólares por pessoa para viajar para a Malásia, onde há uma grande diáspora rohingyá.

“Primeiro fomos levados para uma colina onde ficamos cinco dias. Depois fomos transferidos em três pequenos barcos de pesca para um muito maior, o que afundou”, contou a mulher de 40 anos.

Segundo testemunhos de sobreviventes à AFP, o casco do barco colidiu com corais subaquáticos em águas rasas da ilha de Saint-Martin. Os pescadores viram sobreviventes pedindo ajuda e deram o alarme.

“Nadamos no mar antes de barcos aparecerem para nos socorrer”, declarou Mohammad Hossain, um sobrevivente de 20 anos.

Três sobreviventes, um deles bengalo, estão presos suspeitos de serem traficantes de seres humanos, segundo o comandante da Guarda Costeira, Sohel Rana.

O barco, com cerca de 13 metros de comprimento, foi um dos dois barcos que partiu na segunda-feira do distrito de Cox’s Bazar.

As operações de busca continuam em toda a área do Golfo de Bengala.

Muitos rohingyas fogem de Mianmar para escapar da violência e tentam deixar os campos de refugiados a bordo de embarcações precárias para buscar uma vida melhor na Malásia.

Um dos povos apátridas mais perseguidos do planeta, os rohingyas se veem presos entre Mianmar, que os rejeita por considerá-los estrangeiros, e Bangladesh, que se recusa a deixá-los integrar-se em seu solo.

Sob essas condições, os refugiados constituem presa fácil para os traficantes que oferecem travessias para países de maioria muçulmana do Sudeste Asiático por somas exorbitantes.