Na terça-feira (2), o evento que lançou os trabalhos para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (Cop26, agendada para novembro, na Escócia), trouxe um alerta para o Brasil. A União Europeia usará todas as ferramentas para barrar a compra de commodities de países que não levarem a questão climática a sério.

No encontro, chamado de Diálogo sobre Florestas, Agricultura e Comércio de Commodities, o comissário da UE para o Meio Ambiente, Virginijus Sinkeviius, e o ministro do Meio Ambiente do Reino Unido, Lord Goldsmith, deixaram claro que atribuem à produção de mercadorias como soja, milho e cacau a maior ameaça à preservação do planeta. “O grande desafio é a expansão da agricultura”, disse Sinkeviius. Goldsmith foi mais direto: “Limparemos nossas cadeias ao tornar ilegal para as empresas do Reino Unido o uso de commodities produzidas em terras desmatadas ilegalmente”.

Especialistas em agricultura, como Felippe Serigati, da FGV, questionam as acusações. “Não há país no mundo com uma pecuária de baixo carbono e uma agricultura com leis ambientais tão rigorosas como as nossas”, disse. Por parte do Brasil, participaram do evento André Guimarães, do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), e a ministra Teresa Cristina, da Agricultura. Ela afirmou que o País está alinhado aos líderes mundiais. “Como uma grande potência agrícola, o Brasil está pronto para trabalhar com todos os parceiros a favor do uso sustentável da terra e de um comércio de commodities justo”.

Só falta a ministra convencer o presidente Jair Bolsonaro e o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.

Evandro Rodrigues

(Nota publicada na edição 1208 da Revista Dinheiro)