A Vale terá pela primeira vez nomes independentes em seu conselho de administração, com a eleição de Sandra Guerra e Isabella Saboya em assembleia realizada ontem. Os acionistas também aprovaram a conversão das ações preferenciais (PN) em ordinárias (ON, com direito a voto), deixando a mineradora mais perto do Novo Mercado, o segmento com exigências mais rigorosas de governança corporativa da B3 (antiga BM&F Bovespa).

Entre elas estão a presença de ao menos 20% de independentes no conselho e a existência de uma única classe de ações. A adesão ao Novo Mercado é um dos passos previstos no processo de reestruturação societária da Vale, no qual a companhia se tornará uma “corporation” (empresa de capital disperso, sem controlador definido).

Com a eleição de Sandra e Isabella, indicadas pela gestora britânica de recursos Aberdeen, a mineradora passa a ter três mulheres no conselho. Além delas, ocupa uma das 12 vagas a diretora do Bradesco Denise Pavarina.

Especialistas na área de governança corporativa, as novas conselheiras tomam posse em 26 de outubro. As duas venceram com folga. Na eleição em separado – que exclui os controladores – Sandra Guerra recebeu 62,7% dos votos, em disputa com o advogado Marcelo Gasparino, indicado por grupo liderado pelo fundo Geração Futuro L. Par, do empresário Lírio Parisotto.

Já Isabella recebeu 96,6% dos votos válidos na eleição majoritária disputada com Ricardo Reisen, conselheiro de empresas como Oi e Light. Foram expressivos 1,7 bilhão de votos, com apoio dos controladores da Vale ao nome. A exceção BNDES, que se absteve.

Apesar da extinção da Valepar, holding que reunia o bloco de controle da empresa, seus antigos participantes permanecem como acionistas majoritários com 44% das ações ON e ainda têm a maior influência na indicação do conselho. O grupo é formado por fundos de pensão estatais reunidos na Litel (Previ, Petros, Funcef e Funcesp), BNDESPar, Bradespar e Mitsui.

O presidente da Vale, Fabio Schvartsman, disse que a aprovação na assembleia especial seria o último obstáculo para a migração para o Novo Mercado, que pode ocorrer ainda em 2017. “Conseguimos chegar a este estágio com muita antecedência em relação ao prazo esperado inicialmente. Agora estamos prontos para uma nova fase: transformar a Vale numa ‘true corporation’, garantindo aos acionistas as melhores práticas de governança”, disse. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.