Apesar do discurso negacionista em relação ao aquecimento global, o governo brasileiro não queria sair do Fórum Econômico Mundial, que aconteceu em Davos, na Suíça, de 21 a 24 de janeiro, com a fama de vilão do clima. Para isso, representantes do Brasil escalados para o evento anunciaram inúmeras medidas com o objetivo de melhorar os controles de proteção das áreas verdes, em especial da Amazônia. Contudo, para ganhar a batalha contra o aquecimento global é necessário, também, o engajamento dos integrantes da sociedade civil: empresas e indivíduos. É neste contexto que cresce a importância de iniciativas que têm como foco a economia do clima. Uma deles está sendo liderada pela ZCO2, startup paulistana que aposta na consciência ambiental como uma alavanca para mudanças de atitude no dia a dia.

O negócio nasceu a partir da reaproximação de Carlos de Mathias Martins Júnior e Marcelo Furtado, dois ex-executivos da Dow Química, em São Paulo, que, após 10 anos, se reencontraram na Europa. Enquanto Martins Júnior enveredou pelo mercado financeiro, Furtado foi atuar na unidade do Greenpeace, na Holanda. “Estamos há dois anos desenvolvendo este projeto que nasce a partir de um conceito bastante diferenciado”, conta Furtado, diretor da ZCO2. Ele explica que toda operação é lastreada em certificados de carbono emitidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) e o registro das transações se dá por meio da tecnologia blockchain.

A base do serviço é um aplicativo que converte ações sustentáveis, como o aluguel de bicicletas, em recompensas para o usuário e créditos de carbono para os parceiros. Nesta primeira fase, o saldo gerado com o uso de bikes da Grow e da Tembici está sendo doado para a Prefeitura de São Paulo. “Queremos incentivar o paulistano, a partir de hábitos saudáveis, a ajudar a reduzir a poluição na cidade”, destaca. A primeira doação, no montante de 240 toneladas de carbono (120 de cada empresa) permitirá que a Secretaria Municipal de Transportes neutralize as emissões geradas durante um mês de circulação de automóveis, ônibus e caminhões na icônica avenida Paulista.

De acordo com o empreendedor, a ideia é incentivar mais empresas a utilizar a plataforma cuja lógica de funcionamento é semelhante aos programas de milhagem. Além dos prêmios, o diretor da ZCO2 diz que serão aplicados outros mecanismos de incentivo ao engajamento. “O que move as pessoas a fazer algo é o tesão. Por isso, vamos investir em iniciativas que apelem mais ao coração do que à razão.” Pelo lado das empresas, as negociações avançam com as concessionárias do setor elétrico, em diversos Estados. “Queremos transformar o aplicativo em um verdadeiro marketplace de soluções voltadas para a mitigação de emissões de carbono.”

O modelo de negócio da ZCO2 está baseado nas funcionalidades da plataforma, e incluem desde a cobrança de comissão das empresas parceiras até a arbitragem de preços. Hoje, o setor de marketing de incentivo movimenta R$ 8 bilhões por ano, de acordo com a Associação de Marketing Promocional. Neste conta estão viagens, premiações e outros atrativos utilizados para fidelizar os consumidores. Martins Júnior e Furtado estimam que a consciência ambiental deverá ter um lugar de destaque neste setor. Afinal, quem não quer salvar o planeta no qual vive, né!?