PACOTAÇO ELEITORAL

Depois de perseguir — e alcançar — uma inflação à moda Dilma Rousseff, o governo Jair Bolsonaro busca outras saídas que provocaram o desastre do governo da petista: abrir mão de arrecadação por isenção ou redução de impostos, tema que poderia ser tratado de forma séria e estrutural na reforma tributária. Na terça-feira (22), durante evento do BTG Pactual, o ministro Paulo Guedes anunciou que o governo federal vai reduzir em 25% o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). “É um movimento de reindustrialização do Brasil”, disse. “A agricultura está voando porque não tem o imposto sobre produto agrícola, o IPA.” O IPI possui várias alíquotas, variando, em sua maior parte, de 0% a 30%, mas pode chegar a 300%, no caso de cigarros. Guedes afirmou também que o governo estuda mobilizar recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviços (FGTS) para pessoas que estão passando por dificuldades possam quitar dívidas (ver artigo à página 66). Seriam pelo menos outros R$ 20 bilhões injetados na economia. O ministro disse ainda que pode reduzir novamente a Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul. Na quarta-feira (23), foi ampliado o limite do Programa Casa Verde Amarela, que subiu de
R$ 110 mil para R$ 130 mil.

Nada anda
Sentadores-gerais da República

Não são poucas as pessoas influentes e conhecedoras de Brasília que veem em Augusto Aras alguém mais preocupado em brindar seu patrono, Jair Bolsonaro, do que cumprir seu papel. Ele ressuscitou a imagem de Geraldo Brindeiro, morto no ano passado, conhecido por engavetador-geral da República na época
de Fernando Henrique Cardoso — em mais de 600 inquéritos que recebeu, Brindeiro mal fez andar 60. Agora, para fazer companhia aos dois na galeria da inércia, aparece o pináculo parlamentar Arthur Lira (PL-Centrão-AL). Além de sentar sobre mais de uma centena de pedidos de impeachment contra Jair Bolsonaro, ele também não faz andar uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de cassação do deputado Evandro Roman (Patriotas-PR) por infidelidade partidária. Em 25 de novembro o TSE encaminhou à Mesa Diretora da Câmara o pedido de “imediato cumprimento da decisão” para sua homologação. Faz quase 100 dias e… tudo parado.

Gastança pública
Questão de cultura

Para ninguém que importa Mario Frias tem alguma relevância, apesar de ocupar o cargo de secretário especial da Cultura. O status é de ministro, mas a performance é medíocre e rasa mesmo. Para deixar suas digitais nos anais da história, ele decidiu fazer em dezembro uma viagem absolutamente inadequada e sem importância para os Estados Unidos. Tinha a decisiva agenda de se reunir com o lutador Renzo Gracie. Gastou R$ 39 mil. Levou a tiracolo o adjunto, Hélio Ferraz, que torrou outros R$ 39 mil. Problema de consciência? Nenhum. Tanto que outro broder do secretário, André Porciuncula, viajou na sequência para mais uma agenda infame. Desta vez a Los Angeles, e gastou R$ 20 mil. Estava acompanhado de dois potenciais aspones — Gustavo Torres e Felipe Pedri. Frias só não embarcou de novo porque pegou Covid. Nem dá para dizer que o secretário foi original. Para completa surpresa de ninguém, seu exemplo é Jair Bolsonaro, ou vice-versa. Na temporada catarinense do presidente, entre 27 de dezembro e 3 de janeiro, JB torrou R$ 900 mil de dinheiro público. Isso dá mais de R$ 5 mil por hora — incluindo as horas de sono. Não gastou mais porque sua barriga entupiu e ele teve de interromper a turnê.

82,6% Porcentual da população brasileira com pelo menos uma dose da vacina contra a Covid. A dose de reforço já foi aplicada em 28,6% das pessoas (dados até 20h de 22 de fevereiro)

Crise na Europa
China se posiciona: contra os EUA

Existe uma boa razão para saber que os Estados Unidos pensarão muito antes de mndar um soldado pegar em armas pela Ucrânia num provável combate: a resposta se chama China. Pequim finalmente (e abertamente) se declarou. Na quarta-feira (23), Hua Chunying, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do país, disse que o governo americano cria “medo e pânico” em torno da crise e pediu negociações para reduzir as tensões. Chinying também afirmou que as sanções impostas à Rússia pelos EUA e outros países foram ineficazes na redução das tensões. “Alguém que joga lenha na fogueira e acusa os outros assume uma postura imoral e irresponsável”, afirmou, referindo-se à política externa de Joe Biden.

Corrida presidencial
Bolsonaro diminui a distância (em %)

Pesquisa da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) feita pela MDA mostra queda na vantagem de Lula sobre Jair Bolsonaro para as eleições presidenciais. O petista aparece com 42,2% das intenções de voto (tinha 42,8% no levantamento anterior, em dezembro). Já o atual presidente cresceu e teve 28% das preferências (em dezembro, tinha 25,6%). Quem também caiu fortemente foi Sergio Moro (de 8,9% para 6,4%), movimento oposto ao de Ciro Gomes (de 4,9% para 6,7%). A pesquisa foi feita entre os dias 16 e 19 de fevereiro e a margem de erro é de 2,2 pontos porcentuais.

“Não há razão para acreditar que políticos e burocratas, por mais bem intencionados, sejam melhores em resolver problemas que as pessoas comuns no local” ELINOR OSTROM (1933-2012) Primeira mulher a ganhar o Nobel de Economia (em 2009) (Crédito:Divulgação)