O Ginasio Pernambucano é uma das escolas mais antigas do Brasil. Patrimônio tombado pela Unesco, foi fundada em 1825 e no próximo ano letivo se tornará a primeira experiência envolvendo o poder público e a iniciativa privada na administração de uma unidade de ensino. Após uma reforma de dois anos no prédio, no Recife, seis empresas ? Philips, o banco ABN-Amro, o grupo baiano Odebrecht, a francesa Sodexho, a IBM e a Companhia Hidrelétrica do São Francisco ? irão dividir com o governo estadual a administração do GP. O colégio será modelo na rede pública, com alunos estudando oito horas por dia, professores ganhando R$ 1.800, o dobro do salário pago hoje. Alunos e professores das escolas públicas serão submetidos a uma seleção para escolher os melhores que ficarão no GP, que se tornará um centro de excelência na árida rede de ensino oficial. ?O mundo mudou e nós vamos na mesma direção?, afirma Francisco de Assis da Rocha, secretário de Educação de Pernambuco.

 

Sem as empresas, que gastaram cada uma R$ 500 mil, o Estado não teria como reformar o GP. Ao final da reforma, o governo e as empreas decidiram continuar com o acordo. O jurista e ex-secretário executivo do Ministério da Justiça, José Paulo Cavalcanti Filho, deu parecer favorável ao novo modelo. ?Não é filantropia, mas uma parceria real com o Estado?, diz Flávia Moraes, gerente de marketing da Philips. Por ano, a administração do GP custará R$ 1,2 milhão. O modelo deve ser copiado em outras seis escolas. A iniciativa provocou críticas da oposição, tornou-se inclusive tema da campanha eleitoral deste ano, mas ninguém até agora forneceu uma solução mais interessante para que o GP continue de pé nos próximos 100 anos.