Investir em ações com critério é a passagem certa para a prosperidade e para a independência financeira. Há trajetos arriscados, que podem levar a destinos mais distantes, e outros com percursos mais previsíveis, mas que dificilmente levarão ao paraíso das finanças. DINHEIRO colheu recomendações de nove corretoras e bancos de investimentos para selecionar as ações mais promissoras para 2019. Foram consultados especialistas dos bancos Bradesco, Itaú Unibanco, Santander, das corretoras Socopa, Coinvalores, Guide Investimentos e Planner, e das empresas de investimentos Monte Bravo e Suno Research. As recomendações estão divididas em ações de baixo, médio e alto risco. No caso da rentabilidade em 2018, considera-se a variação acumulada até o dia 19 de dezembro. No caso da alta potencial, o percentual é o resultado da comparação entre a cotação do dia 19 e a média dos preços-alvo indicados pelos analistas, quando disponíveis. Veja a seguir as preferidas do mercado:

RISCO BAIXO
Ação: Lojas Renner ON (LREN3)
Variação em 2017: 70,8%
Variação em 2018: 10,8%
Alta potencial em 2019: Não disponível
Depois de comandar a Renner sem grandes sustos e transformá-la na varejista mais rentável do País apesar da crise que afetou o varejo nacional, o executivo José Galló deixará a presidência em 2019. Seu sucessor será Fabio Adegas Faccio, atualmente diretor de produtos. Segundo o Bradesco, apesar da boa valorização dos últimos meses, a ação continua sendo uma opção atraente. O setor poderá se beneficiar de um crescimento econômico mais forte e de uma discreta melhora no desemprego. A expectativa é de bons resultados em 2019. Um dos pontos fortes é a perspectiva de expansão da rede, atualmente com 537 unidades, por meio da abertura de lojas no Brasil e no exterior.

Ação: IRB Brasil RE ON (IRBR3)
Variação em 2017: Não disponível
Variação em 2018: 146,6%
Alta potencial em 2019: 10,1%
Com um perfil operacional bem previsível e liderança do mercado brasileiro de resseguros, a ação é vista como pouco arriscada. Durante quase sete décadas, até 2007, ela desfrutou do monopólio estatal do setor, e isso lhe permitiu alcançar uma posição privilegiada frente aos concorrentes. Segundo a corretora Coinvalores, o IRB também deve se beneficiar da elevação da taxa de juros, o que aumenta a rentabilidade de sua carteira de investimentos, que era de R$ 6,3 bilhões no fim do terceiro trimestre de 2018. Isso garante ao papel uma característica anticíclica e proteção em tempos mais voláteis. Os estatutos da empresa também obrigam distribuição mínima de dividendos de 25%, o que garante bons retornos para os acionistas.

Ação: Energisa Unit (ENGI11)
Variação em 2017: 50,5%
Variação em 2018: 40,2%
Alta potencial em 2019: 23,7%
A empresa integrada de energia elétrica gera, transmite e distribui eletricidade em regiões com crescimento econômico mais acelerado, como Nordeste e Centro-Oeste do Brasil. Em 2019, ela deve apresentar uma melhora em suas operações, graças à maturação de investimentos que vão reduzir as perdas de eletricidade. Além disso, segundo os analistas do Santander Brasil, em 2019 ela poderá contar com a revisão de tarifas das distribuidoras Ceron e Eletroacre, recém-adquiridas da Eletrobras.

Ação: Telefônica Brasil (VIVT4)
Variação em 2017: 17,5%
Variação em 2018: 5,2%
Alta potencial em 2019: Não disponível
O setor de telefonia, especialmente os serviços fixos, é visto atualmente como muito desafiador. As perspectivas de crescimento são limitadas, devido à ampla cobertura da telefonia móvel, e também pela necessidade de investimentos elevados em tecnologia e em infraestrutura. Apesar disso, a avaliação é a de que as ações da Telefônica são uma boa opção defensiva. Os analistas da Planner consideram a empresa uma boa pagadora de dividendos, e o fluxo de proventos pode encorpar em 2019. Também tem apresentado um crescimento da base de clientes de banda larga, que representam ainda 10% de sua receita líquida.

RISCO MEDIO
Ação: Banco do Brasil ON (BBAS3)
Variação em 2017: 16,8%
Variação em 2018: 43,6%
Alta potencial em 2019: 9,6%
O setor de telefonia, especialmente os serviços A nomeação de Rubem Novaes para a presidência do banco estatal animou os analistas. O economista estudou na Universidade de Chicago, passou pelo BNDES, presidiu o SEBRAE e é considerado menos resistente à privatização de atividades hoje controladas pelo BB. Além disso, o desempenho do setor bancário é visto como promissor para 2019. Os prognósticos são de concessão de mais empréstimos, níveis de inadimplência sob controle, spreads saudáveis e despesas operacionais crescendo abaixo da inflação. Rafael Passos, analista da Guide Investimentos também espera que o BB aumente os seus ganhos com tarifas e mantenha a política de ser um bom pagador de dividendos.

Ação: B3 ON (B3SA3)
Variação em 2017: 41,0%
Variação em 2018: 17,4%
Alta potencial em 2019: Não disponível
Segundo os analistas da Monte Bravo, a melhoria do cenário econômico brasileiro pode beneficiar a B3, empresa resultante da fusão entre a BM&FBovespa e a Cetip, e que desfruta de um virtual monopólio das negociações com valores mobiliários no Brasil. A empresa foi beneficiada em 2018 pelo aumento da volatilidade do mercado, pois o crescimento das transações elevou o ganho com tarifas e emolumentos. Para 2019, a expectativa continua sendo de um crescimento do volume de negócios, devido ao lançamento de novos produtos. O provável apetite dos investidores estrangeiros e o interesse renovado das empresas em abrir capital também devem movimentar os pregões. Além disso, a empresa pode se expandir por meio de aquisições na América Latina.

Ação: Bradesco PN (BBDC4)
Variação em 2017: 33,5%
Variação em 2018: 24,6%
Alta potencial em 2019: 12,4%
O Bradesco é considerado uma das melhores opções para surfar um momento mais positivo para o setor bancário. Segundo Ricardo Peretti, analista do Santander, o banco sediado em Osasco (SP), combina preços relativamente baixos para suas ações com uma perspectiva de melhora operacional e boas expectativas para lucro em curto prazo. O banco também está superando um período em que foi fortemente afetado pela recessão econômica e pela absorção das operações brasileiras do banco britânico HSBC, concluído em julho de 2016.

Ação: Banco ABC Brasil PN (ABCB4)
Variação em 2017: 34,7%
Variação em 2018: 4,2%
Alta potencial em 2019: Não disponível
O banco aparece como uma opção para quem está disposto a investir em empresas de menor porte e em nomes menos óbvios. “As carteiras com serviços, que vêm crescendo de forma considerável, devem continuar fortes no ano que vem por conta de movimentos de fusão e aquisição e do mercado de capitais”, diz Tiago Reis, fundador e CEO da Suno Research. A demanda de crédito por parte das empresas de pequeno e médio porte também devem beneficiar os seus resultados, além da expectativa de que a inadimplência permaneça controlada.

RISCO ALTO
Ação: Petrobras PN (PETR4)
Variação em 2017: 8,3%
Variação em 2018: 39,4%
Alta potencial em 2019: 35,6%
A estatal foi a mais votada. Seis dos nove participantes indicaram suas ações. Mesmo assim, a divergência entre os analistas foi intensa. As ações foram consideradas alternativas de baixo, médio e alto risco. Isso ocorreu porque as projeções de resultados da empresa consideram fatores imponderáveis, como a extensão da política de desinvestimentos e a flutuação nos preços do petróleo. “O apoio do governo recém-eleito para a direção estratégica da empresa é fundamental e terá que ser monitorado atentamente”, escreve Ricardo Peretti, analista do Santander. Já Bruno Madruga, sócio da Monte Bravo, considera a ação de menor risco, por estar sendo negociada com desconto de 15% em relação às demais petroleiras mundiais. Ele diz esperar a manutenção da política de preços de combustíveis, o que garante mais previsibilidade ao caixa.

Ação: BRF ON (BRFS3)
Variação em 2017: -24,1%
Variação em 2018: -37,8%
Alta potencial em 2019: 31,9%
A empresa de proteína animal vem atravessando um período complicado. Os desafios envolvem problemas operacionais, divergências entre acionistas, mudanças na gestão e o envolvimento na Operação Carne Fraca. Para a corretora Socopa, as ações estão muito desvalorizadas e têm potencial de alta superior a 30%. Pedro Parente, nomeado para a presidência em junho de 2018, vem implementando um plano de recuperação radical, que prevê a venda de ativos, o corte de custos e a reestruturação de unidades industriais no Brasil e no Exterior.

Ação: Even ON (EVEN3)
Variação em 2017: 55,1%
Variação em 2018: 4,4%
Alta potencial em 2019: Não disponível
A construtora Even foi uma das poucas empresas do setor imobiliário lembradas pelos analistas ouvidos. Para a Coinvalores, ela é a preferida dentre as incorporadoras com alto endividamento por contar com um banco de terrenos sólido em São Paulo e em Porto Alegre, por estar preparada para um novo ciclo de lançamentos de imóveis. Com isso, ela poderá gerar maior caixa pelos próximos dois anos, além de deixar alguns problemas para trás. “Espera-se que a Even consiga reduzir seus estoques de forma mais expressiva nesses próximos trimestres”, afirma Rafael Passos, da Guide Investimentos.

Ação: Cemig PN (CMIG4)
Variação em 2017: -5,6%
Variação em 2018: 101,4%
Alta potencial em 2019: 1%
Segundo o Itaú Unibanco, uma boa aposta para 2019 são ações da estatal energética de Minas Gerais. O governador eleito, Romeu Zema, promete melhorias operacionais e privatizações. A Cemig deve entrar, dessa forma, no radar dos investidores. Além do potencial de ser privatizada, a empresa deve conseguir uma redução das perdas de energia elétrica nas distribuidoras e do custo de mão de obra.

Ação: Via Varejo (VVAR3)
Variação em 2017: 121,0%
Variação em 2018: -41,1%%
Alta potencial em 2019: Não disponível
A Via Varejo ainda encara resultados negativos, mas o horizonte parece mais promissor. A companhia passa por uma reformulação, integrando as lojas físicas com as vendas online. Segundo a Planner, o processo de mudança somado à esperada retomada da economia deverá fazer os resultados melhorarem. O crescimento do comércio eletrônico no Brasil também ajudará a empresa.