Apesar do aumento de 3,6% nos embarques de produtos industrializados no primeiro trimestre deste ano na comparação com mesmo período de 2020, o setor continua perdendo espaço na pauta de exportações brasileiras. De acordo com levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), a participação das fábricas nas vendas ao exterior caiu de 46% para 42% na mesma comparação.

“Os dados mostram que as exportações de industrializados continuam sofrendo, a exemplo do que já ocorria nos últimos anos. As vendas aumentaram no primeiro trimestre, mas sobre uma base já deprimida do ano passado. Se esperava uma alta maior, que não veio”, avalia o gerente de Políticas de Integração Internacional da CNI, Fabrizio Sardelli Panzini.

Além de um crescimento menor que o esperado no começo de 2021, o aumento contínuo dos preços das commodities no mercado internacional deu impulso à ampliação da fatia dos produtos básicos no total exportado. Enquanto a indústria teve aumento de 3,6% em valor embarcado, as vendas de matérias-primas aumentaram 23,5% em relação ao primeiro trimestre do ano passado.

“A participação da indústria no total exportado nos anos 2000 estava ao redor de 70%. Em 2016, era de 56%, e já caímos para 42%. O Brasil vem passando por um processo de perda de importância da indústria nas exportações, decorrente da perda de competitividade do País. O Brasil está desalinhado dos países da OCDE”, acrescenta Panzini. “Apenas na última década, a indústria deixou de exportar US$ 38 bilhões”, completa.

O levantamento da CNI mostra ainda um comportamento heterogêneo entre os diversos setores da indústria. Enquanto houve alta de 40% nas exportações da indústria extrativa e de 14% na agroindústria, as vendas da indústria de transformação ficaram estagnadas no primeiro trimestre, com os mesmos US$ 19,4 bilhões registrados entre janeiro e março de 2020. Ainda assim, 12 de 20 segmentos de transformação registraram aumento de embarques, com destaque para metalurgia e químicos.

“O comportamento dos setores da indústria vai depender muito da recuperação dos países que são destino das exportações brasileiras. Se os Estados Unidos e a Europa voltarem a crescer, as vendas de peças, máquinas e aviões podem retornar. Na América Latina é a mesma coisa. México, Argentina e outros países ainda estão muito impactados pela pandemia”, lembra o especialista da CNI. “Já a China recuperou mais rápido, e foi o único país do G20 com aumento da corrente de comércio em 2020”, aponta.

As exportações totais do Brasil para a China cresceram 26% no primeiro trimestre de 2021, ante o mesmo período do ano passado. Já para a União Europeia, as vendas permaneceram estáveis e, para os EUA, caíram 7%. Para o Mercosul, a alta foi de 27%.