Por Enrique Anarte

BERLIM (Thomson Reuters Foundation) – O Parlamento alemão dedicou pela primeira vez sua lembrança anual do Holocausto, nesta sexta-feira, às pessoas LGBTQ+ que foram mortas ou perseguidas pelos nazistas.

A presidente do Bundestag, Baerbel Bas, reconheceu o atraso do Parlamento em conceder reconhecimento oficial às vítimas do Holocausto gays, bissexuais e transgêneros –uma medida que foi tomada nos últimos anos por outras instituições alemãs.

“Para nossa cultura de memória, é importante contarmos as histórias de todas as vítimas de perseguição, tornarmos sua injustiça visível, reconhecermos seu sofrimento”, disse Bas em um discurso aos parlamentares para marcar o Dia Internacional da Lembrança do Holocausto.

Os nazistas mataram cerca de seis milhões de judeus no Holocausto e também perseguiram e assassinaram membros de outros grupos, como a comunidade cigana, pessoas com deficiências e doenças mentais e pessoas de minorias sexuais e de gênero.

Historiadores estimam que cerca de 100.000 homens gays e bi foram presos entre 1933 e 1945 e milhares foram enviados para campos de concentração. Muitos deles não sobreviveram.

Entre a comunidade LGBTQ+, os homens gays eram o principal alvo do nacional-socialismo, mas mulheres lésbicas e bi, assim como pessoas trans, também foram perseguidas e mortas.

“Os últimos sobreviventes deste grupo de vítimas já morreram sem que nós os tivéssemos ouvido –suas histórias precisam ser contadas por outros”, afirmou Bas.

Durante a cerimônia desta sexta-feira no Parlamento alemão, os parlamentares receberam Klaus Schirdewahn, um homem gay de 76 anos condenado em 1964 sob as antigas leis do país que criminalizavam relações entre pessoas do mesmo sexo, as quais não foram totalmente abolidas até 1994.

“É importante para mim que os jovens não se esqueçam de quanto esforço e força nos custou para podermos viver da maneira como vivemos agora”, disse Schirdewahn.

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