A decisão do presidente americano, Donald Trump, de retirar o país do Acordo de Paris está criando oportunidades. Só que para os aliados dos Estados Unidos. O presidente francês, Emmanuel Macron, que o diga. Logo depois do anúncio do mandatário norte-americano, Macron aproveitou as redes sociais, território preferido de Trump, para lançar um vídeo convidando cientistas, estudantes, professores, ou qualquer americano envolvido nas questões climáticas, a se mudarem para a França. Os interessados terão à sua disposição bolsas de quatro anos para tocarem seus projetos, além de permissão para morar em território francês.

A família pode ir junto, se for o caso. Como diria Ernest Hemingway, Paris é uma festa em tempos de Trump. Ao setor empresarial e ao terceiro setor, Macron também prometeu financiamentos governamentais, sem especificar o montante disponível. Para facilitar o processo, o governo francês criou um site, denominado “Make Our Planet Great Again” – uma clara ironia com o slogan de campanha de Trump, “Make America Great Again” –, no qual podem ser encontradas todas as informações necessárias para fazer a migração.

A França não é o único país a endurecer a postura em relação aos arroubos populistas do líder americano. Na semana passada, o ministro do Meio Ambiente da Itália, Gian Luca Galletti, ressaltou que o Acordo de Paris é inegociável. Essa também é a postura da Alemanha. Ao tentar se colocar acima de um consenso global sobre a necessidade de descarbonizar a economia, Trump, na verdade, só está conseguindo reduzir a relevância da maior economia do mundo.

(Nota publicada na Edição 1023 da Revista Dinheiro)