Por Nayara Figueiredo

SÃO PAULO (Reuters) – Depois de estimar um recorde de quase 21 milhões de toneladas no mês passado, o Paraná passou a projetar a safra de soja 2021/22 em 18,4 milhões, com queda de 7% no comparativo anual, em meio a problemas com clima no Sul, mostraram dados do Departamento de Economia Rural (Deral) nesta quarta-feira.

O corte na estimativa confirma as expectativas do mercado de que já há perda decorrente da seca e altas temperaturas em determinadas regiões produtoras, condições causadas pelo fenômeno climático La Niña.

“É uma primeira avaliação do impacto da estiagem e desse período mais quente, com aproximadamente 12% de redução de produtividade na cultura da soja, em relação ao que estimávamos inicialmente”, disse à Reuters o economista do Deral Marcelo Garrido.

Ele calcula que na região oeste, uma das mais afetadas do Estado, a quebra na safra de soja seja de no mínimo 32%. “Monitoramos mês a mês, mas essa redução já está consolidada”, comentou.

Garrido ainda lembrou que o Paraná –um dos principais Estados produtores de soja do país– recebeu chuvas em altos volumes em outubro, durante grande parte do plantio. Mas a partir de novembro as condições se inverteram, o clima ficou muito quente e com precipitações abaixo da média, cenário que se estendeu até dezembro.

Na terça-feira, o departamento ligado ao governo estadual cortou suas avaliações de qualidade para soja e milho, e somente 57% das lavouras da oleaginosa foram consideradas boas, contra 71% na semana anterior. Outros 13% das áreas foram classificados como ruins.

Com relação ao plantio, a área da soja ficou praticamente estável, em 5,64 milhões de hectares, contra 5,63 milhões na projeção anterior, mostraram os dados divulgados nesta quarta-feira.

Para o milho verão, o Deral também reduziu as expectativas de produção, de 4,19 milhões de toneladas para 3,68 milhões. No entanto, o volume ainda supera em 18% o total colhido na primeira safra do cereal 2020/21.

A área de verão 2021/22, entretanto, foi novamente revisada para cima, de 430 mil para 434,8 mil hectares. A nova estimativa representa avanço de 17% sobre o ciclo anterior.

Ainda de acordo com o levantamento, a produção de trigo 2021 foi projetada em 3,22 milhões de toneladas, quase estável em relação à última análise, com 1% de avanço comparado à safra passada.

Com uma safra recorde em 2021, o Rio Grande do Sul ultrapassou o Paraná e se tornou o maior produtor do cereal no Brasil. Nesta semana, a Emater-RS estimou a safra gaúcha em 3,4 milhões de toneladas.

(Por Nayara Figueiredo)

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