Criado em 1961, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) entrou na mira do governo de Jair Bolsonaro (PSL). O presidente diz que os dados de desmatamento apontados pelo centro nacional de pesquisas não condizem com a realidade e que isso prejudica a imagem do Brasil. Bolsonaro insinuou ainda que Ricardo Galvão, presidente do instituto, estaria “a serviço de alguma ONG”. Em entrevista à TV Globo, Galvão rebateu as acusações, classificando os comentários como “conversa de botequim”. O Inpe publica, em média, um resultado científico por dia em áreas como astrofísica, engenharia espacial e sensoriamento remoto, o que inclui dados sobre o desmatamento na Amazônia. Entre 2013 e 2017, mais de dois mil estudos foram produzidos. Excluindo-se as universidades, o instituto tem a terceira maior produção científica no País, atrás apenas da Embrapa e da Fundação Oswaldo Cruz. Tudo isso pode ser perdido se o presidente insistir em desmantelá-lo. Em 22 de julho, Marcos Pontes, ministro responsável pela pasta que controla o Inpe, afirmou que compartilha a estranheza expressa por Bolsonaro. Pontes defende que os dados de desmatamento não sejam mais divulgados.

(Nota publicada na Edição 1132 da Revista Dinheiro)