Salvo eventuais surpresas negativas, o cenário está praticamente desenhado para 2020 diante do papel dos bancos centrais no Brasil e no mundo de manter políticas monetárias estimulativas. “O primeiro semestre será mais construtivo e todo esse afrouxamento monetário nos Estados Unidos, na Europa, no Japão e no Brasil deve ter mais efeito na estabilização da economia global”, afirma o economista-chefe da gestora ACE Capital, Ricardo Denadai. Sara Delfim, sócia-fundadora da gestora Dahlia, aponta que o Ibovespa pode chegar aos 250 mil pontos em três anos, mas alerta que o estrangeiro não virá correndo para o Brasil. “A valorização da bolsa será apoiada no investidor local”, diz. Num horizonte menor, Felipe Lacs Sichel, estrategista-chefe do Modalmais prevê o índice em torno dos 140 mil pontos em 2020, a depender da continuidade das reformas. Diante desse ambiente e confiante de que a inflação ficará controlada, Fabrício Taschetto, diretor de investimentos da ACE Capital e ex-tesoureiro do Santander, acredita que há “bastante confiança” para o investidor continuar migrando seus recursos de pós-fixados para multimercados e fundos de ações.

Em 2019, essas categorias receberam mais de R$ 135 bilhões em captação líquida. “Em 2020, nós devemos ver clientes reavaliando seus perfis para buscar melhor rentabilidade”, diz Sergio Magalhães, superintendente executivo da Bradesco Asset Management (Bram). Marcelo Nantes, superintendente sênior da Bram, acrescenta que essa procura por rentabilidade tem que estar confortável com o perfil do aplicador. “Hoje existem técnicas mais avançadas para diversificar o risco”, afirma. Na Bram, a gestora lista entre suas sugestões para clientes de perfil moderado, o fundo Bradesco Macro Top 22 Multimercado, de volatilidade média e que busca retorno de DI + 3% ao ano. Já para os aplicadores de perfil mais arrojado ou agressivo, está o fundo de ações Bradesco Estratégia Small Caps, atualmente com 33 papéis na carteira, com pouca relação com as mais negociadas do Ibovespa. “Selecionamos empresas boas, médias e bem geridas”, diz Nantes.

ARROJADOS E AGRESSIVOS Já Marcelo Pacheco, diretor executivo de gestão de ativos da BB DTVM, cita entre os portfólios recomendados, os fundos de ações de retorno total e valor para clientes arrojados e agressivos, e multimercados macro e multiestratégia para os moderados. “A migração já começou, mas ainda está só no começo”, afirma. Mario Felisberto, da asset do Santander Brasil, orienta que antes dessa migração o cotista deve fazer uma análise cuidadosa do seu perfil de risco. “Manter uma reserva com posição líquida e uma carteira diversificada”, diz. Na asset do Santander, os produtos citados para 2020 são os fundos Santander Alocação FIC Multimercado e Portfólio Ativo VIP FI MM Crédito Privado.

Para Giovani Silva, diretor de investimentos da gestora Blue Line, o risco de uma recessão global diminuiu muito após o aceno de acordo entre EUA e China e a remoção de incertezas sobre o Brexit, a saída do Reino Unido da comunidade europeia. “O principal risco é o crescimento do Brasil, se decepcionar vai ser uma notícia muito ruim para os mercados”, afirma. Já Marcos de Callis, estrategista da Hieron, avisa que os investidores de perfil moderado, arrojado e agressivo devem estar preparados para volatilidade no horizonte. “Montar uma carteira bem diversificada é o mais recomendável”, diz. A orientação de Alexandre Hishi, responsável pela área de investimentos da Azimut Brasil Wealth Management é que a pessoa física avalie sua necessidade de liquidez e olhe para o longo prazo para conquistar mais ganhos.

Acostumado com milhões de clientes que aplicam em caderneta de poupança, Daniel Sandoval, diretor de produtos e de administração de fundos da Caixa Econômica Federal, diz que investidor conservador deve manter 85% de sua carteira alocada em produtos de juros pós-fixados. “Mas eventualmente com algum percentual em fundo de crédito privado, e 15% em fundos multimercados de volatilidade menor, como o Caixa Estratégia Livre”, diz.

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