A guerra comercial entre Estados Unidos e China pode ocasionar ganhos pontuais para alguns setores exportadores brasileiros, mas o saldo geral é negativo, avaliou nesta quinta-feira, 5, o secretário de Comércio Exterior do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), Abrão Miguel Árabe Neto.

“Houve anúncio por parte dos Estados Unidos, anúncio por parte da China, nada concretizado ainda. Há uma preocupação relevante e fundamentada dos impactos disso para o comércio internacional como um todo”, afirmou Árabe Neto.

Segundo o secretário, o governo brasileiro acompanhará a disputa para saber como se concretizarão esses movimentos de sobretaxa de ambos os países.

“No balanço, qualquer tipo de acirramento de tensão comercial é negativo para o mundo como um todo. É negativo para o comércio internacional, para o crescimento da economia mundial. Em que pese ganhos pontuais, ganhos setoriais que possam acontecer a depender de como essas decisões se concretizem, o sistema multilateral de comércio ganha quando todos estão aliados e observando as regras internacionais”, defendeu Árabe Neto.

Quanto à trégua na sobretaxa ao aço brasileiro exportado para os Estados Unidos, o secretário se disse convicto de que a questão será definitivamente resolvida em breve. “Houve a decisão americana de que há uma exclusão temporária (de sobretaxa) para o produto brasileiro, abrindo uma janela neste mês de abril para a continuidade das conversas, que já vêm de longa data. Desde o ano passado, o governo brasileiro tem tido conversas com o governo americano”, declarou.

Segundo ele, há uma articulação em curso do setor privado brasileiro com as suas contrapartes americanas, além da articulação entre os governos dos dois países. Uma missão de empresários brasileiros viajou nesta semana aos Estados Unidos, segundo relatou o secretário.

“O Brasil está muito convicto de que vai ser excluído definitivamente dessas medidas, baseado no perfil de relacionamento desse setor nos Estados Unidos, a complementaridade do setor produtivo, investimentos brasileiros nos EUA, cooperação com os EUA e com a comunidade internacional para a redução do excesso da capacidade mundial de aço. O Brasil é um parceiro importante na área de segurança, sobretudo aqui na América Latina. Ou seja, todos os elementos são muito convergentes com a posição brasileira”, concluiu Árabe Neto.