Dizem que a melhor (e mais neutra) forma de entender um problema é olhá-lo de fora. Sem as impressões contaminadas de quem está inserido na crise, teoricamente, é possível ter uma visão mais eficiente dos equívocos e buscar soluções. Um artigo publicado na edição desta semana na revista britânica The Economist evidencia faz isso. Transpassando as pequenas vitórias do governo na economia e a influência mínima de uma gestão liberal, a publicação cravou que as coisas não vão bem por aqui. Não tardou para o ministro da Economia, Paulo Guedes, se defender. Em entrevista à agência de notícia Reuters, ele afirmou que o Brasil irá crescer 5,5% este ano – “e eles nada” –, em alusão à economia do Reino Unido. “Como dizer que o Brasil está mal? A Economist devia olhar para o próprio umbigo. O Brasil está melhor que as grandes economias, mas particularmente do que o Reino Unido”. O país europeu apresentou um crescimento de 1,5% no PIB no terceiro trimestre, e está mais atrasado que outras economias desenvolvidas. Lá, contudo, a inflação e os juros estão sob controle, tornando necessário apenas que o emprego retome ao patamar pré-pandemia para que haja uma acelerada econômica.

‘The Economist’ diz que Bolsonaro é ruim para a economia do Brasil

De qualquer forma, as críticas da revista britânica não pararam por aí. Eles ratificaram que a chegada de Paulo Guedes ao governo exerceu um importante papel para persuadir lideranças do mundo dos negócios a votar “em um ex-oficial de extrema direita que nunca havia demonstrado interesse anterior ao liberalismo”. Ademais, afirmou que Guedes teve pouquíssimas vitórias em sua gestão. Para demonstrar os problemas que o ministro enfrenta, a revista citou a inflação, os juros o desemprego, além de um anunciado estouro no teto de gastos0. A publicação ainda aponta que o crescimento econômico futuro está comprometido e reforça que há mais interesse do governo em articular uma agenda populista que melhore a imagem do presidente em ano eleitoral do que em resolver os problemas que travam a retomada.

Em sua defesa, Guedes afirmou que a revista já errou no passado sobre o Brasil. E continuará errando. “Ano que vem continuam errando, subestimando o Brasil. Não vou falar quanto vamos crescer, mas, da mesma forma que subestimaram quando a gente caiu, isso acontece de novo agora”, disse o ministro.  Ao final do texto, a revista britânica termina cravando mais uma percepção ruim sobre o atual governo brasileiro. “O senhor Bolsonaro não é só ruim para o meio-
ambiente, para os direitos humanos e para a democracia, mas também para a economia brasileira”. Difícil discordar.