Em um momento de revisão do crescimento global, o Fundo Monetário Internacional (FMI) fez um alerta direto para o Brasil: só a reforma da Previdência é insuficiente para aumentar o potencial de avanço da economia brasileira.

O toque repassado pelo órgão indica que, muito além de equilibrar as contas públicas com a nova Previdência, é preciso criar uma “ambiciosa agenda de reformas, aberturas comerciais e investimentos em infraestrutura”.

Diante desse conselho, o governo se vê em uma sinuca de bico. Com o Teto dos Gastos, aprovado em 2016 por meio da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241, há pouco espaço para destravar investimentos em obras públicas.
Em maio deste ano cerca de 14 mil obras estavam paralisadas, com um custo médio de R$ 10 bilhões aos cofres públicos, segundo levantamento do Tribunal de Contas da União (TCU). Sem recursos para reativar os canteiros – que vão desde obras de saneamento até hospitais – a solução seria captar recursos da iniciativa privada.

O problema é que tais medidas demandam tempo, aprovações, licenças e outros aspectos burocráticos que levam tempo, o que talvez o Brasil não tenha de sobra. Segundo o Fundo, o Brasil deve encerrar 2019 com uma alta de 0,9% de crescimento, melhora tímida, de 0,1 ponto percentual, ante a previsão anterior, realizada em julho. A cifra também ficou 1,2 ponto percentual abaixo da estimativa de crescimento aventada em abril deste ano.

As previsões do FMI foram feitas por meio do relatório Perspectiva da Economia Global. Em âmbito mundial, o Fundo reviu de 3,2% para 3% o crescimento do PIB global, a mais severa desaceleração desde a crise financeira global, em 2008.

O ritmo lento se deve à redução do comércio internacional. A guerra de tarifas entre China e Estados Unidos, além de outras medidas protecionistas ao redor do mundo, levaram o volume de comércio global a registrar, no primeiro semestre de 2019, seu pior crescimento desde 2012 – apenas 1%.