A expansão de crédito no mês de maio se deve ao aumento do mercado interno, já que o nível de financiamento externo se reduziu impactado pela apreciação cambial vista em maio, de 3,2%, de acordo com o chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha. Os títulos emitidos no mercado doméstico cresceram 3,5% no mês e 36,9% em 12 meses, para R$ 476,3 bilhões. Já os emitidos no mercado externo recuaram 3,1% e 3,3% nesses mesmos períodos, respectivamente, para R$ 314,6 bilhões.

“Primeiro, teve a saída forte de recursos no auge da crise e depois houve crescimento, mostrando a recomposição dos investimentos estrangeiros em títulos, que está refletido nos dados de hoje”, salientou Rocha.

O chefe do Departamento salientou que, quando se olha para o crédito ampliado se excluindo o governo, também se vê uma redução do saldo da dívida externa, que caiu 2,8% em maio ante abril, e o montante dos empréstimos se manteve estável. Já a carteira de títulos teve expansão de 2,7% de um mês para o outro. Em 12 meses, o que se verifica, de acordo com o técnico, é que permanece a tendência de crescimento.

O crédito em geral, de acordo com ele, segue em aceleração, já que o saldo registrou um avanço de 16,1%. “Não apenas vemos um crescimento de dois dígitos, como está em aceleração. Uma parte dessa história é a base de comparação, outra é que não havia ainda programas para empresas um ano atrás”, salientou.

Rocha comentou também que a expansão de empréstimos para Pessoa Física segue em aceleração, mas em desaceleração para Pessoas Jurídicas. “Estão mais ou menos com mesma magnitude”, comparou.

O técnico comentou ainda que há diferenças de comportamento de financiamento para capital de giro de curto e longo prazos, com o primeiro caindo 1,6% na margem em maio e o segundo, subindo 1,7%. “Geralmente (este comportamento) está ligado à capacidade de expansão do negócio”, comentou.

Ele lembrou que houve uma busca muito forte desse tipo de financiamento de curto prazo no primeiro semestre de 2020, quando teve início a pandemia de coronavírus. “De lá pra cá foi se reduzindo”, salientou.

Rocha ressaltou, porém, que o saldo hoje está em torno de R$ 53 bilhões, que é um volume muito maior do que o registrado pré-crise, mas menor do que o pico de R$ 75 bilhões verificado do meio do ano. “Além de ter acabado pico do ano, uma parte desse financiamento se transferiu para financiamentos de longo prazo”, avaliou.

As concessões de longo prazo cresceram 32,1% neste mês e as taxas de juro estão estáveis, o que, de acordo com o chefe de departamento, contribui para o aumento das operações. O técnico comentou ainda sobre o crescimento de 4,2% de antecipação de faturas de cartão de crédito vista no mês passado (+7,4%). “Parece ser contra padrão sazonal da série, que mostra uma diferença no fim de cada trimestre. Portanto, isso seria nos dados de junho. Isso não aconteceu em abril e cresceu mais uma vez em maio”, analisou.

O que pode estar ocorrendo, conforme Rocha, é uma indicação da melhora do desempenho do varejo.