A paralisação de motoristas de transporte por aplicativo, que acontece da meia-noite até as 23h59 desta quarta-feira, 8, deve ter impacto pequeno na IPO (sigla em inglês para oferta pública inicial) da Uber, marcada para a próxima sexta-feira, 10, na Bolsa de Valores de Nova York. A avaliação é de Paulo Furquim de Azevedo, professor e coordenador do Centro de Estudos em Negócios do Insper. A expectativa é de que, na oferta, as ações sejam avaliadas entre US$ 44 e US$ 50 e as vendas cheguem aos US$ 9 bilhões.

Reivindicando maiores repasses e melhores condições de trabalho junto às empresas parceiras, associações de trabalhadores da categoria em todo o mundo recomendaram que os motoristas mantivessem seus aplicativos desligados nesta quarta-feira como forma de protesto. Além de cidades nos Estados Unidos e do Reino Unido, São Paulo e Rio de Janeiro registraram paralisações de motoristas, embora pouco significativas. Na capital paulista, houve um protesto no Vale do Anhangabaú.

Não há estimativas em relação ao número de participantes dos movimentos. Apesar do relato de aumento das tarifas de Uber e 99 ao longo do dia, não se pode afirmar que se tratou de uma consequência direta da paralisação dos motoristas. Durante a tarde, por exemplo, em várias áreas da capital paulista os serviços dos aplicativos operavam com tarifas normais – o que sinaliza oferta e demanda equilibrada.

O Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, entrou em contato com as assessorias de imprensa dos dois aplicativos de transporte mais populares no Brasil. Über e 99 informaram que não têm dados sobre eventuais impactos aos usuários, como redução no número de motoristas disponíveis ou aumento nos preços das tarifas.

Em nota, a Uber afirmou que vai “continuar trabalhando com e para os motoristas parceiros”. Na mesma linha, a 99 disse ser “a favor da liberdade de expressão” e ter compromisso em trabalhar para “aumentar a renda dos condutores por meio de um número maior de chamadas e da cobrança de taxas menores em comparação à concorrência”.

O presidente da Associação dos Motoristas de Aplicativos de São Paulo (AMASP), Eduardo Lima de Souza, foi contatado pela reportagem para comentar o dia de paralisação, mas não respondeu a tempo da publicação./ Colaborou Ana Beatriz Bartolo, especial para a AE