O papa Francisco entregou nesta quinta-feira aos cerca de 200 líderes da Igreja Católica de todo o mundo reunidos em uma cúpula no Vaticano um guia com orientações a seguir contra a pedofilia.

“Trata-se de uma ajuda. Gostaria de compartilhar com vocês alguns critérios importantes que foram formuladas pelas várias comissões e conferências episcopais. Vêm de vocês e eu organizei de alguma forma”, disse o papa durante o primeiro dia da cúpula histórica contra os abusos sexuais de menores cometidos por padres.

“É um guia para a nossa reflexão, um ponto de partida”, insistiu ele.

O Vaticano explicou que as medidas concretas serão avaliadas e tomadas depois que a cúpula terminar, no domingo, com um discurso do pontífice.

O arcebispo maltês Charles Scicluna, um dos organizadores da cúpula, considera as propostas como “um roteiro” e deve servir como motivação para começar os trabalhos.

Os pontos seguintes são algumas das diretrizes. Várias já estão em vigor em alguns países e outras não.

– Elaborar um vade mecum prático especificando os passos a serem seguidos pela autoridade em todos os momentos-chave da ocorrência de um caso.

– Providenciar estruturas de escuta, compostas por pessoas treinadas e especializadas, em que ocorra um primeiro discernimento dos casos de supostas vítimas.

– Estabelecer critérios para o envolvimento direto do Bispo ou do Superior Religioso.

– Implementar procedimentos compartilhados para a análise das denúncias, a proteção das vítimas e o direito de defesa dos acusados.

– Informar as autoridades civis e autoridades eclesiásticas superiores, de acordo com as normas civis e canônicas.

– Acompanhar, proteger e cuidar das vítimas, oferecendo-lhes todo o apoio necessário para a sua cura completa.

– Aumentar a conscientização sobre as causas e conseqüências do abuso sexual por meio de iniciativas de formação permanente de bispos, superiores religiosos, clero e agentes pastorais.

– Preparar caminhos para a atenção pastoral das comunidades feridas pelos abusos, assim como caminhos penitenciais e de recuperação para os culpados.

– Reforçar a cooperação com todas as pessoas de boa vontade e com a mídia para reconhecer e distinguir os verdadeiros casos de falsas acusações, evitando ressentimentos e insinuações, rumores e calúnias.

– Aumentar a idade mínima para o casamento a 16 anos.

– Ilustrar todas as informações e dados sobre os perigos do abuso e seus efeitos, como reconhecer sinais de abuso e como denunciar suspeitas de abuso sexual. Isso deve ser feito em colaboração com pais, professores, profissionais e autoridades civis.

– Se ainda não foi feito, é necessário estabelecer um organismo de fácil acesso para as vítimas que desejam denunciar os crimes. Organização composta por especialistas (clero e leigos).

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