Uma visita à Serra do Amolar, área de 80 km de extensão no Pantanal mato-grossense, provoca um misto de tristeza e esperança. Com mais de 90% da área atingida pelo grande incêndio que varreu o bioma em 2020, a região luta para trazer a vida de volta. Restos de árvores queimadas são predominantes entre as vegetações mais altas. No solo, plantas rasteiras mostram a luta da natureza por sua regeneração.

Avistar animais, especialmente os maiores, como onças-pintadas, antas e cervos do Pantanal, ainda é raro. E mesmo os macacos como o zogue-zogue e aves como as araras-azuis, típicos da região, só aparecem de vez em quando.

A perda da biodiversidade foi grande. Segundo o Instituto Homem Pantaneiro, mais de 17 milhões de vertebrados perderam as vidas para o fogo. Agora, o IHP, uma organização sem fins lucrativos, junta tecnologia e ciência para evitar novos focos e preservar a vida que restou.

Uma das tecnologias em uso são câmeras colocadas em pontos estratégicos que, com recursos de Inteligência Artificial, emitem alertas a qualquer sinal de fumaça. Os resultados já apareceram e no ano passado a área atingida pelo fogo caiu 70%. Mas a falta de pessoal e de recursos para a preservação do bioma são uma ameaça constante.

Evandro Rodrigues

(Nota publicada na edição 1282 da Revista Dinheiro)