A França, um dos países europeus mais atingidos pela covid-19, ultrapassou 100.000 mortes nesta quinta-feira (15), informaram autoridades de saúde, quando enfrenta uma terceira onda com hospitais sob forte pressão.

Apenas o Reino Unido (127.000 mortos) e a Itália (115.000) já haviam ultrapassado essa marca simbólica na Europa, mas outros países, como Bélgica e Portugal, apresentam maior taxa de mortalidade per capita.

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“Todas as nossas forças estão posicionadas na batalha contra a epidemia (…) mas chegará a hora de homenagens e luto pela Nação”, disse o porta-voz do governo francês, Gabriel Attal, na quarta-feira.

“No momento não superamos a terceira onda” e “não atingimos o pico de internações, o que significa que ainda temos dias muito difíceis pela frente”, acrescentou.

Atualmente, cerca de 6.000 pacientes com covid estão sendo tratados em unidades de terapia intensiva (UTI), o que tem forçado vários estabelecimentos a adiar cirurgias não urgentes.

É a primeira vez desde abril de 2020 que essa taxa de ocupação de leitos na UTI foi atingida.

Devido a este surto, a França decretou mais uma vez medidas de confinamento em todo o país no final de março: a população não pode sair depois das 19h ou se deslocar, a qualquer momento, a mais de 10 quilômetros de suas casas, exceto por motivos de trabalho ou médicos.

Creches e escolas primárias e secundárias estão fechadas até 26 de abril, pelo menos, assim como lojas não essenciais.

– 22% da população vacinada –

A situação piorou após a disseminação da variante britânica do vírus. Agora, essa cepa, que é considerada mais contagiosa e mortal, se tornou a versão majoritária do vírus na França.

Segundo o ministro da Saúde, Olivier Véran, a cepa britânica já responde por “80% das infecções”.

Para tentar evitar a expansão de outras cepas, principalmente a brasileira, conhecida como P1, a França anunciou a suspensão de todos os voos com o Brasil até pelo menos 19 de abril.

Paralelamente, o governo do presidente Emmanuel Macron tenta redobrar os esforços de vacinação contra a covid para obter imunidade coletiva.

Com um começo lento no final de dezembro, a campanha acelerou nas últimas semanas, apesar dos atrasos nas entregas de vários laboratórios e dúvidas sobre os efeitos colaterais das vacinas AstraZeneca e Johnson & Johnson.

Segundo dados oficiais, 11,6 milhões de pessoas receberam pelo menos uma dose de uma das vacinas disponíveis contra a covid-19 na França, correspondendo a 22,1% da população adulta, e 4,1 milhões receberam duas doses.

“Para uma população ser protegida (…) ela precisa chegar entre 80% e 85% vacinada”, disse o virologista Bruno Lina ao jornal Le Parisien.

O governo estabeleceu a meta de atingir 20 milhões de vacinados até meados de maio.