Se a procura por financiamentos não parou, apesar da crise, o mercado de imóveis novos da cidade de São Paulo não saiu ileso da quarentena imposta para tentar conter o avanço do novo coronavírus. Parte dos negócios do setor sentiu o tranco na economia, e os projetos imobiliários lançados em junho na capital paulista somaram apenas 2.015 unidades.

Os números apontam que o total de novas unidades foi 28,3% maior do que em maio, mas 79,9% abaixo do de junho de 2019, segundo dados do Secovi-SP – entidade que representa as empresas do setor. No primeiro semestre de 2020, os lançamentos caíram pela metade, para 9,6 mil unidades em relação ao mesmo período do ano passado.

+ Com preço dos imóveis em baixa, veja qual é o metro quadrado mais caro do Brasil
+ Secovi: vendas de imóveis residenciais novos em SP mostraram recuperação em junho 

De acordo com a entidade, um aspecto a ser considerado nos resultados do setor é que, apesar de os lançamentos no primeiro semestre do ano terem sido reduzidos em mais de 50%, as vendas caíram menos, o que demonstra que a demanda por moradia vem se concentrando nos imóveis que já estão disponíveis.

As vendas de imóveis novos em junho na cidade atingiram 2.984 unidades, 56% abaixo do mesmo mês do ano passado. O número está próximo da média de 3.195 unidades vendidas por mês entre janeiro e março deste ano, período imediatamente anterior ao início da quarentena. Mas, no semestre, a queda nas vendas é de 14%, totalizando 16,9 mil imóveis.

Reação

Conforme antecipou o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), empresários e analistas percebem uma reação do mercado imobiliário. Um dos motivos para isso é a queda nas taxas de financiamento, abrindo caminho para a compra da moradia por mais pessoas e compensando, ao menos em parte, os efeitos da crise.

“A gente vê um mercado bastante competitivo, em um nível que nunca vimos no setor. Mas o financiamento de imóveis usados ficou mais forte que o de novas unidades”, avalia a presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), Cristiane Portella.

“Quando sente mudanças na economia, a incorporadora precisa refazer cálculos e avaliar o comportamento do público-alvo de seus empreendimentos. No primeiro semestre, os lançamentos tiveram esse recuo, mas a gente acredita que eles vão voltar”, diz Cristiane.

“Apesar deste cenário desafiador, o mercado imobiliário apresentou crescimento no mês de junho em relação a maio, quando as vendas já tinham apresentado recuperação em relação a abril. A tendência de retomada da vida, dentro de um ‘novo normal’, está colaborando para esse comportamento”, afirma o economista-chefe do Secovi-SP, Celso Petrucci.

Na avaliação dele, existe margem para uma redução ainda maior dos juros dos financiamentos imobiliários, o que daria um novo fôlego para o mercado. “Taxas de juros competitivas estimulam o aumento das operações de financiamentos, trazendo mais famílias para o crédito imobiliário”, ressalta Petrucci. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.