Os palestinos rejeitaram o plano apresentado nesta terça-feira pelo presidente americano Donald Trump, mas têm poucas opções de curto prazo para impedir que Israel o implemente, por exemplo, em partes vitais da Cisjordânia, como o vale do Jordão.

A iniciativa de Trump outorga ao Estado judeu o controle total sobre Jerusalém e anexar o vale do Jordão, zona estratégica da Cisjordânia, assim como as colônias disseminadas no território palestino.

Aos palestinos, em contrapartida, se oferece um mini-Estado, com a Cisjordânia e o enclave de Gaza e a promessa de bilhões de dólares em ajudas e investimentos.

Os palestinos de todo o espectro político rejeitaram e condenaram esse plano.

Em uma coluna de opinião no jornal Washington Post, o negociador-chefe palestino, Saeb Erekat, instou outros países que liderem as negociações de paz.

Até agora, a reação internacional foi ambígua e comedida, com poucos indícios de querer pressionar os Estados Unidos e Israel.

Autoridades israelenses já afirmaram que pretendem começar a anexação o quanto antes, quiçá antes das eleições legislativas previstas para 2 de março.

“As opções palestinas se encontram limitadas por muitos fatores”, afirmou Hugh Lovatt, analista do dossiê israelense-palestino no Conselho Europeu de Relações Exteriores.

“Em primeiro lugar estão suas próprias divisões, em segundo a dinâmica regional e, em terceiro, as divisões entre os europeus”.

Os palestinos se encontram divididos entre o governo com de Abbas com sede na Cisjordânia ocupada e os islamitas do Hamas, que controlam a Faixa de Gaza.

Ambos divergiram durante mais de uma década, mas a oposição compartilhada em relação ao plano de Trump permitiu que celebrassem uma rara reunião na terça-feira.

Em nível regional, os Estados árabes do Golfo se aproximaram de Israel sobretudo por causa de uma hostilidade compartilhada em relação ao Irã.

– ‘Resposta popular’ –

Em um discurso, na noite de terça-feira, o presidente palestino, Mahmud Abbas, afirmou que houve “reações (internacionais) prometedoras contra o plano de Trump. Nos apoiaremos nelas”.

Na verdade, a Arábia Saudita e outros atores regionais indicaram que estudarão as propostas, evitando fazer críticas imediatamente.

A União Europeia também está dividida sobre como responder se Israel continua com as anexações, disseram fontes diplomáticas.

Em uma reunião prevista para esta quarta-feira, Erekat pediria aos enviados da UE que reconheçam o Estado da Palestina, uma aspiração de velha data, segundo diplomatas.

“Há uma posição da UE, que expressamos antes, que é a da oposição à anexação de suas consequências caso isso se concrete”, afirmou um diplomata europeu.

“Mas também é justo dizer que não há consenso sobre quais poderão ser essas consequências”, acrescentou.

Nesta quarta-feira, Abbas viajou ao Cairo para uma reunião da Liga Árabe (LA) antes de visitar outros países amigos para tentar assegurar seu apoio.

Abbas solicitará “apoio e respaldo à posição palestina para enfrentar a pressão (israelense-americano)”, declarou à AFP o ministro das Relações Exteriores palestino, Riyad al Maliki.

Nesta quarta-feira, centenas de pessoas se concentraram no vale do Jordão, área estratégica determinante que segundo o plano Israel poderá anexar.

Após as manifestações em Gaza, existe o temor de uma escalada violenta por parte do Hamas, considerado “terrorista” pelos EUA e alguns aliados.

Entretanto, segundo Jamal al Fadhi, professor de Ciência Política em Gaza, o Hamas e a Jihad Islâmica se concentrarão em trabalhar conjuntamente com o presidente Abbas”.