Os países vizinhos da Líbia recusaram nesta quinta-feira (23) “qualquer interferência estrangeira” naquele país, dividido pela guerra civil, durante reunião em Argel, capital da Argélia, em busca de uma solução política para o conflito.

A reunião foi finalizada com um acordo sobre “a necessidade de respeitar a Líbia como um Estado, respeitar a soberania das autoridades legítimas em todo o território”, explicou em coletiva de imprensa o ministro das Relações Exteriores argelinas, Sabri Boukadoum.

Participaram do encontro os ministros do Egito, Mali, Chade e da Tunísia. Integraram a reunião também diplomatas do Sudão e da Nigéria, assim como o ministro de Relações Exteriores alemão, Heiko Maas.

“Esse encontro não é um mecanismo senão uma reunião de consenso e coordenação, para que se possa ouvir as vozes dos países vizinhos nas comissões internacionais”, ressaltou Boukadoum.

Todos os participantes encorajaram “as partes líbias a solucionar a sua crise mediante métodos pacíficos”.

Vários países africanos se queixaram por terem sido mantidos à margem durante a Cúpula em Berlim, na qual participaram os rivais líbios Fayez al-Sarraj, do Governo da União Nacional (GNA, na sigla em inglês), que é reconhecido como legítimo pela Organização das Nações Unidas — e o general Khalifa Haftar.

Ainda assim, os dois se recusaram a se reunir em Berlim.

Embora o GNA tenha assinado o acordo formal de cessar fogo, o general Khalifa Haftar não fez o mesmo.

As áreas rivais concordaram com a criação de uma comissão militar encarregada de definir os mecanismos de instauração de uma trégua durável.

Desde 2011, quando o ditador Muamar Kadafi, a Líbia vive uma guerra civil. A partir disso, milícias e grupos armados disputam pelo território e controle dos recursos petrolíferos.

O Egito, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, França e Rússia suspenderam o apoio diplomático a Haftar, embora a Turquia tenha anunciado recentemente um acordo de apoio militar e estratégico ao GNA, que também conta com o apoio do Qatar.