Por Emma Farge

GENEBRAS (Reuters) – Países que participam de negociações nas Nações Unidas sobre armamentos autônomos interromperam as conversas pouco antes do lançamento de negociações para a criar um tratado internacional que os regule, mas concordaram em manter as discussões.

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) e várias organizações sem fins lucrativos vinham pressionando para os negociadores começarem trabalhos para um tratado internacional que criaria regras sobre o uso de armas operadas por robôs.

Diferente de armamentos semi-autônomos como drones, as armas autônomas não possuem um dispositivo operado por humanos que interrompe sua ação e, em vez disso, deixam as decisões sobre vida e morte a cargo de sensores, software e microprocessadores.

Os oponentes de tal tecnologia afirmam que ela aumenta os riscos para civis, representam problemas de responsabilização e aumentam as chances de escalada dos conflitos.

As negociações em Genebra, que já duram oito anos, ganharam novo senso de urgência desde que um painel da ONU publicou um relatório em março que afirmou que o primeiro ataque com um drone autônomo pode já ter ocorrido na Líbia.

“É uma oportunidade realmente perdida e não é o que é necessário para se responder aos riscos que as armas autônomas representam”, disse Neil Davison, que faz parte da divisão jurídica da CICV, sobre o resultado das conversas desta semana.

Muitos países também manifestaram decepção com o resultado.

“No atual ritmo de progresso, o ritmo do desenvolvimento tecnológico arrisca superar nossas deliberações”, disse o embaixador suíço para desarmamento, Felix Baumann.

A Convenção das Nações Unidas sobre certas armas convencionais tem 125 integrantes e vinha discutindo sobre possíveis limites legais sobre o uso de armas letais autônomas, conhecidas por “LAWS”, na sigla em inglês. Estes armamentos são totalmente operados por máquinas e usam novas tecnologias como inteligência artificial e reconhecimento facial.

Fontes que acompanham as discussões afirmaram que Rússia, Índia e Estados Unidos estão entre os países que manifestaram dúvidas sobre a necessidade de um tratado que regule as “Laws”.

Clare Conboy, do grupo “Stop Killer Robots” (Parem os Robôs Assassinos) afirmou que o resultado das discussões “mantém muito satisfeita a minoria de Estados militarizados que investe no desenvolvimento destes armamentos”.

Ela afirmou que espera que muitos países que são favoráveis à criação do novo tratado, como Nova Zelândia e Áustria, comecem negociações fora das Nações Unidas.