Por Marianna Parraga, Luc Cohen e Sabrina Valle

HOUSTON, 19 Ago (Reuters) – Os mais novos países produtores de petróleo do mundo ganharam destaque na conferência de tecnologia OTC desta semana, com planos ambiciosos para explorar descobertas de óleo e gás em corrida contra a transição energética global para uma matriz com menor emissão de carbono por combustíveis.

Na conferência que destacou combustíveis renováveis e mais “limpos” e investidores se afastando de apostas nos combustíveis fósseis, Brasil, Gana, Guiana e Suriname estabeleceram agendas para bombear massivamente petróleo e gás que poderiam remodelar suas economias –se eles puderem colocar os produtos no mercado antes que os valores diminuam.

O contraste entre esses objetivos e os governos se movendo para impor regras de emissões de carbono zero até 2050 ficou claro na primeira grande conferência e exposição de tecnologia de petróleo dos EUA desde o início da pandemia.

Historicamente, um lugar para as empresas de petróleo se gabarem de descobertas em águas profundas, a conferência deste ano em Houston apresentou combustíveis mais limpos e a urgência na redução de emissões, acentuando tecnologias de baixo carbono, energia eólica no mar e hidrogênio de combustão limpa. CHAVE PARA O FUTURO “Temos milhões de pessoas sem eletricidade na África,”disse o ministro da Energia de Gana, Matthew Opoku Prempeh, em um discurso ecoado por outros produtores de energia emergentes. “Transição de energia não significa que veremos nossos recursos inexplorados.”

Com três quartos da Guiana cobertos por floresta, as emissões de carbono das enormes descobertas de petróleo e gás podem ser absorvidas, disse Bharrat Jagdeo, vice-presidente da Guiana, durante a conferência.

“Fomos convocados a deixar nosso óleo no solo. Acredito que isso é totalmente injusto”, disse Jagdeo.

“Ao sermos um pequeno país, não teremos a capacidade e a estrutura para um operação ideal da indústria de petróleo agora, mas vamos continuar melhorando.”

Suriname, que compartilha uma bacia de petróleo com a Guiana, também acredita que pode ingressar no clube dos principais produtores e usar a receita do óleo para financiar o desenvolvimento de combustíveis mais limpos.

O país está trabalhando com as principais petrolíferas, como TotalEnergies e Chevron, e a estatal Qatar Petroleum em possíveis descobertas.

“Precisamos saber o que a indústria de petróleo e gás vai entregar no final do dia”, disse Patrick Brunings, gerente de exploração e ativos de subsuperfície para a empresa de energia do Suriname Staatsolie.

“Precisaremos desse dinheiro para investir nessasindústrias verdes”, disse ele. OFFSHORE É MAIS LIMPO As bacias offshore novas e algumas existentes, incluindo ado Golfo do México dos EUA, produzem petróleo com menos emissões de carbono por causa de tecnologias avançadas e poços de maior volume, disseram executivos do setor.

Mesmo com energia solar, eólica e a hidrogênio aumentando como fontes alternativas, a demanda por combustíveis fósseis não vai desaparecer, argumentam os especialistas.

Metas de efeito estufa podem ser ajudadas se os produtores desenvolverem campos de petróleo com emissões de carbono potencialmente mais baixas do que as áreas tradicionais.

“O que é necessário é que tenhamos certeza de que produzimos a energia que a sociedade precisa com uma atitude responsável”, disse Veronica Coelho, chefe no Brasil da norueguesa Equinor .

O Brasil, já uma potência do petróleo, posiciona-se como um produtor de petróleo do pré-sal, visto com uma das fontes fósseis menos poluentes.

O país planeja realizar duas rodadas de licitação neste ano e estimular o desenvolvimento das áreas do “pré-sal”. “O pré-sal é um ativo extraordinário e muito importante”, disse Decio Oddone, presidente-executivo da produtora brasileira Enauta.

Com horizontes de investimento de cinco a dez anos antesda produção começar em novos campos, os produtores estão pedindonovas concessões.

“Com a transição energética, se não oferecermos esses ativosagora, correremos o risco de deixar recursos no solo”, disse o diretor-geral da agência reguladora brasileira ANP Rodolfo Saboia.

“Esta é a última grande janela de oportunidade.”

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