Os diferentes grupos de países em desenvolvimento afirmaram neste sábado (13) que não vão bloquear a adoção de uma resolução final na COP26 devido às desavenças sobre a polêmica questão das “perdas e danos” sofridos pelas mudanças climáticas.

As nações em desenvolvimento, que já estavam indignadas pelo não cumprimento das promessas de financiamento por parte dos países ricos, tinham pedido a criação de um mecanismo específico que levasse em conta os danos já causados pelos efeitos devastadores do aumento de tormentas, secas e ondas de calor.

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No entanto, o projeto de declaração debatido neste sábado, nas últimas horas da conferência de Glasgow, apenas propunha acelerar a aplicação das medidas técnicas já previstas, sem metas temporais.

“Com um espírito de compromisso, podemos viver com os parágrafos” referidos a esta questão, disse o representante de Guiné, Amadou Sebory Touré, líder do grupo de negociação G77+China, que reúne mais de 100 países em desenvolvimento e emergentes, em sessão plenária.

“Entendemos [que esta linguagem] não reflete nem prejudica a solução que queremos sobre o financiamento de perdas e danos para os mais vulneráveis”, acrescentou.

Outros grupos de países vulneráveis se pronunciaram nesse mesmo sentido. A Aliança dos Pequenos Estados Insulares (AOSIS, na sigla em inglês), referindo-se também ao espírito de “compromisso”, assinalou que o esboço da declaração inclui avanços em “algumas de nossas prioridades, sem as quais não podemos sair” da conferência.

“Estamos muito decepcionados pela ausência de elementos sobre perdas e danos e expressaremos nossas demandas em seu devido momento”, acrescentou a representante do grupo.

O enviado dos Estados Unidos, John Kerry, tentou, por sua vez, tranquilizar os países desfavorecidos depois que seu país, que teme as possíveis consequências legais desse reconhecimento, se opôs firmemente à proposta de um mecanismo especial.

“Estamos dispostos a participar do diálogo sobre perdas e danos e a contribuir para o seu sucesso”, garantiu Kerry.

Já o representante da União Europeia, que também se opôs ao mecanismo citado, reconheceu que este é apenas o “começo do que temos que fazer em matéria de perdas e danos”.