Por Rodrigo Viga Gaier

RIO DE JANEIRO (Reuters) – O governo brasileiro contará com mais térmicas e energia extra da Argentina para garantir o suprimento no país em outubro e novembro, até que os reservatórios das hidrelétricas voltem a encher com a chegada do período úmido, informaram o Ministério de Minas e Energia e Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

Há previsão de que mais 1.500 MWs de usinas térmicas entrem em operação partir de outubro, e um volume de energia semelhante em importações, informaram o ministério e o ONS.

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O adicional de capacidade termelétrica representa quase 10% da geração térmica em operação no país, em momento em que o Brasil lida para afastar riscos de abastecimento, diante da seca que atingiu os reservatórios de hidrelétricas, principal fonte de geração elétrica.

“O momento exige atenção e por isso fazemos o monitoramento contínuo do sistema para tomar as medidas necessárias de forma tempestiva”, disse à Reuters o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque.

“Todas as medidas que estão sendo adotadas, desde outubro de 2020, visam a garantia do abastecimento de energia para os consumidores, o que se aplica aos meses de outubro e novembro de 2021, que caracterizam o período de transição entre a estação seca e a chuvosa.”

Dados do Ministério de Minas e Energia apontam que foram gerados pouco mais de 18 mil MWs médios em térmicas no país.

Na quarta-feira, integrantes do governo disseram que mais termelétricas entrariam em operação nos próximos meses, mas não detalharam as capacidades.

A histórica crise hídrica vem obrigando o governo a adotar inúmeras medidas para evitar desabastecimento de energia, além do despacho das térmicas, como a importação.

A expectativa do governo é contar com 1.400 MWs extras da Argentina já a partir de outubro, segundo o ministério.

Na quinta-feira, o Brasil importava em média 1.541 MWs médios de acordo com o ministério.

Volumes extras de energia também podem ser importados do Uruguai, como já vem ocorrendo.

O ONS confirmou à Reuters que trabalha com dois cenários na importação para os próximos meses, de acordo com a disponibilidade energética desses países.

Em um deles, mais conservador, a importação seria de 1.300 MW, que pode subir até 2.770 MW.

A compra de energia de países vizinhos é uma estratégia que vem sendo adotada desde o ano passado quando as perspectivas indicavam que 2021 seria um ano complicado.

A importação será mantida em 2022, mas os volumes ainda não foram definidos e vão depender o regime de chuvas no Brasil.

O chamado período úmido começa em novembro e vai até abril.

Esta semana integrantes do governo disseram que uma quantidade de térmicas acima da média histórica não será desligada mesmo no período de chuvas, com o objetivo de poupar água nos reservatórios da hidrelétricas, já com vistas ao período seco de 2022.

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