Os americanos acusados de colaborar com a fuga do ex-presidente da Nissan, Carlos Ghosn, do Japão são um ex-agente das forças especiais dos Estados Unidos e seu filho.

Aparentemente, Michael Taylor, 59, e Peter Taylor, 27, levavam uma vida de classe média na pequena e rica cidade de Harvard, em Massachusetts.

Mas, segundo os promotores americanos, a dupla aproveitou a experiência de Taylor como ex-Boina Verde para planejar uma fuga digna de um filme de Hollywood.

Supostos cúmplices de fuga do empresário Carlos Ghosn são detidos nos EUA

Depois de escapar em 29 de dezembro de 2019, Ghosn vive atualmente como foragido no Líbano, enquanto aguarda julgamento por supostos crimes financeiros.

Os vínculos de Michael Taylor com o país remonta a 40 anos.

Ele foi enviado a Beirute como membro das forças especiais americanas no início dos anos 80, segundo a mídia americana.

Recebeu uma dispensa honrosa em 1983 e depois se tornou consultor de segurança particular, informou o Boston Globe, realizando trabalhos em todo o Oriente Médio.

Taylor aprendeu árabe e casou-se com uma libanesa.

Ele era frequentemente contratado para ajudar as pessoas a sair de situações de alto risco, como sequestros, e trabalhava como informante disfarçado para investigadores federais, informou o Globe em janeiro.

O New York Times reportou ter contratado Taylor para ajudar a resgatar seu então repórter David Rohde, sequestrado por militantes no Afeganistão e mantido por sete meses nas áreas tribais do Paquistão. Rohde escapou por conta própria em junho de 2009.

No final dos anos 90, Taylor se declarou culpado de plantar drogas no carro da esposa de um cliente, de acordo com um relatório da mídia local.

Ele também foi acusado por escutas telefônicas relacionadas a atividades ilegais enquanto trabalhava disfarçado, informou o Boston Globe.

Em 2011, ele foi investigado por pagar propinas para obter uma série de contratos do Departamento de Defesa no valor de aproximadamente US $ 54 milhões.

Ele se declarou culpado de fraude eletrônica e foi condenado em 2015 a dois anos de prisão, segundo o Departamento de Justiça.

– Viagens ao Japão –

Longe de atividades profissionais obscuras, Taylor parecia levar uma vida feliz nos arredores de Boston. Fotos tiradas por um fotógrafo da AFP nesta quarta-feira mostraram a casa de Michael e Peter Taylor situada em uma floresta pitoresca, com gramado perfeitamente cuidado.

 

O Boston Globe noticiou que Taylor jogava softbol e, desde 2008, passou três anos treinando futebol americano na prestigiada escola Lawrence Academy de Massachusetts.

Peter é ex-jogador do time de futebol da escola, de acordo com o jornal. Seu suposto envolvimento na fuga de Ghosn foi relatado pela primeira vez pelo Wall Street Journal em janeiro.

Eles foram presos nesta quarta-feira, quando o jovem Taylor se preparava para viajar para o Líbano.

Segundo os promotores, os Taylors e o libanês George-Antoine Zayek ajudaram Ghosn a se esconder dentro de uma grande caixa de equipamentos de áudio musical, que eles carregaram para um jato particular.

Entre julho e dezembro de 2019, Peter Taylor fez várias viagens ao Japão e encontrou Ghosn pelo menos sete vezes, dizem os promotores.