O pai da criança morta no desabamento de um prédio residencial de quatro andares em Rio das Pedras, na zona oeste do Rio de Janeiro, também foi encontrado sem vida nos escombros. A construção era irregular e desmoronou na madrugada desta quinta-feira, 3, deixando outras quatro pessoas feridas. Cães farejadores auxiliaram os oficiais na busca pela última vítima, cujo corpo foi retirado dos escombros no início da tarde desta quinta-feira.

A criança morta tinha cerca de dois anos de idade. O pai tinha 30 anos.

“A gente tem que melhorar a questão da fiscalização”, disse o governador Cláudio Castro (PL) sobre a situação irregular do prédio.

Além de Castro, o prefeito Eduardo Paes (PSD) acompanhou o trabalho das equipes. Prédios vizinhos também foram afetados pelo desabamento. “Provavelmente vão ser condenados, vamos ter laudo mais técnico da Defesa Civil Municipal”, disse Paes.

No entorno da construção que desabou, moradores comentaram que a comunidade é repleta de prédios em situação parecida. Empregada doméstica, Maria Elizabete, de 41 anos, diz que se sente “um lixo” por viver nessa situação.

Ela está em Rio das Pedras há 20 anos. “Vamos para onde, se o que dá pra pagar é aqui?”, questiona. “O prédio onde moro é todo rachado. Quando chove, tem água pingando toda hora.”

Ao sair da área de isolamento dos Bombeiros, o prefeito Eduardo Paes (PSD) reconheceu a situação complexa da região, que há décadas vem passando por construções desse tipo. O foco agora, segundo ele, é fiscalizar os prédios já existentes e evitar que novos sejam erguidos.

“Comigo, milícia não vai mais construir porcaria nenhuma nessa cidade”, disse.

O prefeito disse que vai tentar combater a construção de novos edifícios irregulares na cidade e que a prefeitura já tem atuado em demolições, mas que esse tipo de moradia “é uma realidade da cidade”.

“Ninguém vai construir mais nada nessa cidade de maneira irregular. Só essa semana foram três operações”, afirmou Paes a jornalistas.

Três dos feridos no desabamento foram levados para o Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca. Uma mulher, de 38 anos, e um homem, de 29 anos, já tiveram alta médica. Uma mulher, de 28 anos, permanece sob cuidados médicos na unidade, com quadro de saúde estável, segundo a Secretaria Municipal de Saúde.

A quarta e última mulher resgatada, Kiara Abreu, de 27 anos, foi levada para o Hospital Municipal Miguel Couto, e ainda passa por avaliação e exames.

A delegacia da Taquara instaurou um inquérito para apurar o caso. Os agentes farão a perícia nos escombros para identificar a causa do desabamento, assim que os bombeiros conseguirem encerrar o trabalho de resgate.

Moradores relatam ter ouvido “estalos” por volta das 2 horas e, mais tarde, “muito fogo”. Os bombeiros do quartel de Jacarepaguá foram acionados às 3h22 para a ocorrência na esquina da Rua das Uvas com a Avenida Areinha.

Outros quatro quartéis – Alto da Boa Vista, Barra, Magé e São Cristóvão – dão apoio à operação de resgate. Em meio ao desabamento, um incêndio também precisou ser contido no local.

A região de Rio das Pedras é conhecida como um dos lugares com maior atuação das milícias cariocas. Os prédios daquela área costumam ser construídos de maneira irregular, como foi o caso dos edifícios que desabaram e deixaram 24 mortos na Muzema, comunidade vizinha, em 2019.