A MAIOR REDE DE FARMÁCIAS do País é a cearense Pague Menos. Ela não só tem o maior número de lojas (deve fechar o ano com 301 pontos) como já conquistou o primeiro lugar em faturamento ? R$ 1,6 bilhão previsto para 2008. Quem passou pelas lojas da rede nos últimos tempos não sofre mais com o infernal calor dos dias de verão e a disposição confusa dos produtos. Todas as unidades têm arcondicionado e os novos pontos já nascem com uma estrutura mais simples e ?clean?.

Tudo ali tem a mão de Francisco Deusmar de Queirós, 61 anos, o homem que fundou a companhia duas décadas atrás, depois de ganhar seu primeiro US$ 1 milhão aos 34 anos, trabalhando em uma corretora de valores na década de 80. Deusmar montou a sétima maior companhia privada do Nordeste, onde possui 200 de suas 300 lojas. Mas, com essa estratégia de crescimento, a empresa acabou deixando em segundo plano o mercado de São Paulo. Agora, Deusmar tem dois projetos diretamente relacionados. Ele quer voltar a abrir unidades na capital paulista, quatro anos após interromper os investimentos na cidade, e ainda pretende ampliar a liderança da rede em cima das concorrentes como Drogaria São Paulo e a Pacheco, do Rio de Janeiro. Não será fácil. As demais redes também têm planos ambiciosos, alguns deles mais arrojados do que os da Pague Menos.

Na teoria, a meta de Deusmar tem os seus acertos. A empresa já montou boa parte de seu banco de terrenos para novas lojas em São Paulo. O investimento, de cerca de R$ 1 milhão por unidade, sairá do caixa da empresa. A intenção é abrir seis lojas em 2009 na capital, chegando a 27 no final do próximo ano.

Outros 30 pontos serão inaugurados em, no máximo, quatro anos. Se tudo sair como o planejado, a rede mantém o primeiro lugar e terá 320 unidades no final de 2009. Para continuar na liderança, só falta combinar com o adversário. As rivais crescem no mesmo ritmo. Elas têm recursos baratos, captados em processos de abertura de capital ou novas parcerias. A Droga Raia reforçou o caixa ao vender 30% de seu capital para os fundos Gávea Investimentos e Pragma Patrimônio. Foram abertos 48 pontos em 2007. Há outros 60 inaugurados ao longo de 2008. É claro que a rede, com R$ 1,1 bilhão de receita, ainda faz pouca sombra à rival cearense. Mas o volume de inaugurações da Raia em 2008 é mais que o dobro da Pague Menos. ?Nós quintuplicamos nossos investimentos em 2007 e quadruplicaremos neste ano?, tem dito Antonio Carlos Pipponzi, acionista da Raia.

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Outra ameaça à Pague Menos vem da Drogaria São Paulo. A empresa decidiu parar de crescer 10% ao ano em número de lojas e subiu a taxa para 30% em 2008. Se a concorrente nordestina inaugurou 20 pontos, a farmácia paulista abriu 50 lojas e vai engordar a receita em 30% ? acima da taxa de 23% de alta da cearense. Com a crise de liquidez batendo na porta das empresas, quem tiver dinheiro em caixa pode fazer a diferença daqui para a frente. Hoje a Pague Menos rejeita parcerias ou sociedade para conseguir recurso barato. Mais do que isso: ela não vai aderir ao modelo das farmácias- butique, como a Onofre, ou mesmo dar um espaço maior nas lojas para os dermocosméticos, como fez a Drogaria São Paulo. ?Não estamos interessados em vender sofisticação. Sabemos que a margem desses cosmésticos é maior, mas queremos volume?, diz Deusmar. ?Além disso, nós temos dinheiro o bastante para crescer. Eu não vou aceitar sócios só para conseguir mais recursos.? E fim de papo, completa Deusmar.