O ouro fechou em forte queda nesta sexta-feira, 26, pressionado pela recuperação do dólar ante as principais moedas rivais e boa parte das emergentes. A valorização da moeda americana torna o metal precioso mais caro a investidores que negociam em outras divisas, diminuindo o apetite pela commodity. Na semana, o principal driver que movimentou os contratos do ouro foi a alta nos rendimentos dos Treasuries, que concorrem com o metal como ativo de segurança.

O ouro com entrega prevista para abril recuou 2,62%, encerrando a sessão cotado a US$ 1728,80. No acumulado da semana, as perdas foram de 2,73%.

Segundo o Commerzbank, o metal precioso tem sofrido com “ventos contrários” vindos do mercado dos títulos públicos americanos. “Uma disparada de 30 pontos-base nos rendimentos dentro de alguns dias é um remédio difícil de engolir para o ouro”, diz o banco, que ainda aponta para a alta nas taxas de juro reais como outro fator a pressionar a commodity. O crescente desinteresse de investidores de fundos negociados em bolsa (ETFs, na sigla em inglês) também traz um cenário “desolador” ao metal, de acordo com a instituição.

O rendimento dos juros dos Treasuries têm subido por conta da alta nas expectativas inflacionárias nos Estados Unidos, provocada pela recuperação da economia e a possível aprovação do pacote fiscal de US$ 1,9 trilhão no país. Segundo a presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Nancy Pelosi, a nova rodada de estímulos deve passar hoje na Casa. Diante deste cenário, a Capital Economics informou, em relatório a clientes, que vai revisar a sua projeção para os preços do ouro.

Em movimento contrário ao do ouro, outros metais preciosos registraram melhores resultados em fevereiro, com a prata operando em níveis semelhantes ao do começo do mês, enquanto a platina e o paládio sustentam alta considerável, diz o Commerzbank em relatório. “Isso mostra que uma mudança de preferências ocorreu entre os metais preciosos”, avalia o banco alemão.