O contrato mais líquido do ouro fechou em queda nesta quinta-feira, em uma sessão marcada pela cautela em geral nos mercados, após a divulgação do índice de preços ao produtor (PPI) dos Estados Unidos. Com uma maior demanda pelos Treasuries e pelo dólar, o metal precioso ficou em último plano como ativo porto seguro, bastante pressionado pelo fortalecimento da moeda norte-americana.

Na Comex, divisão de metais da New York Mercantile Exchange (Nymex), o ouro com entrega prevista para junho encerrou a sessão em queda de 1,57%, a US$ 1.824,60 a onça-troy.

Segundo dados com ajustes sazonais publicados nesta quinta pelo Departamento do Trabalho dos EUA, o PPI americano subiu 0,5% em abril ante março. Já o núcleo, que exclui itens voláteis como alimentos e energia, avançou 0,6% na comparação mensal. Para a High Frequency Economics (HFE), “os dados continuam a mostrar custos subindo a um ritmo próximo de recordes”. Dessa forma, segundo a consultoria, o Fed está no caminho certo para continuar aumentando as taxas de juros rapidamente.

“O Fed permanece sob pressão para aumentar significativamente as taxas de juros. Nossos economistas esperam aumentos de 50 pontos-base nas taxas em cada uma das próximas três reuniões do Fed. A taxa básica deverá atingir 3,0% até o final do ano”, destaca o banco alemão Commerzbank.

O ouro, como os Treasuries, é buscado por investidores para se proteger da alta inflação, em geral. Segundo a Oanda, porém, a força do dólar leva o metal para uma “zona de perigo”.

Ela alerta que, caso o contrato perca o piso de US$ 1.800 a onça-troy, isso pode levar a mais vendas, por fatores técnicos. “O ouro não pode atrair nenhuma atenção até que essa movimentação do dólar termine”, acredita a Oanda, estimando que, caso a marca citada seja perdida, vendas por fatores técnicos podem levar o contrato para por volta de US$ 1.750.

Cotado na moeda americana, o ouro fica mais caro para os detentores de outras moedas, em caso de valorização do dólar. Isso tende a reduzir o apetite dos investidores.

De acordo com o TD Securities, um “vácuo de liquidez” arrastando todos os ativos para baixo, desafiando o status de porto seguro do ouro. Já o Commerzbank destaca que o declínio nos rendimentos dos títulos americanos, visto nesta quinta, até agora não resultou em nenhum dinamismo para o preço do metal.