O contrato futuro mais líquido de ouro fechou em baixa nesta segunda-feira, 23, reagindo ao apetite por risco dos investidores diante de resultados envolvendo a vacina contra a covid-19 que a britânica AstraZeneca produz em conjunto com a Universidade de Oxford. De acordo com a companhia, o imunizante registrou eficácia média de 70%, com variação entre 62% e 90%.

Na Comex, divisão de metais da New York Mercantil Exchange (Nymex), o ouro com entrega prevista para dezembro cedeu 1,85%, a US$ 1837,80 a onça-troy. Foi a maior baixa porcentual do metal precioso desde 9 de novembro, quando o preço do ouro futuro teve queda de quase 5%.

Investidores se desfizeram do metal – considerado um ativo de segurança – diante da perspectiva positiva reforçada pelo noticiário envolvendo a vacina da AstraZeneca e da Universidade de Oxford. Em nota, a AstraZeneca afirmou que o seu imunizante pode ser armazenado à temperaturas que podem ser atingidas por geladeiras comuns, enquanto as suas concorrentes devem ser congeladas em super-refrigeradores. A cientista-chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS), Soumya Swaminathan, classificou essa característica da vacina como uma vantagem logística “enorme” em comparação com os outros produtos que estão sendo desenvolvidos.

Segundo o Commerzbank, o movimento de retração do ouro também reflete as vendas de ETFs do metal. “O atual otimismo em torno das vacinas presumivelmente impedirá qualquer nova corrida aos ETFs de ouro no futuro próximo”, disse o banco alemão em relatório enviado a clientes.

Segundo o analista sênior de mercados da Oanda, Craig Erlam, as cotações do ouro futuro podem cair ainda mais nas próximas semanas, à medida em que mais resultados de vacinas contra a covid-19 sejam divulgadas. “O metal precioso está cada vez mais sob ameaça, à medida em que os investidores continuam a definir o preço de uma recuperação baseada na vacina”, avaliou Erlam.

O analista afirma, porém, que um acordo por um pacote de apoio fiscal nos Estados Unidos e novos estímulos na Europa podem fazer com que o preço do ouro volte a subir. “O Federal Reserve (Fed, o banco central americano) pode fechar um acordo por um pacote de apoio fiscal, e o Banco Central Europeu (BCE) devem liberar mais estímulos em dezembro em resposta ao último aumento de casos da covid-19. Esses dois fatores devem fazer com que o preço do ouro volte a subir”, completou Erlam.