O contrato futuro mais líquido de ouro fechou em queda forte nesta sexta-feira, 27, influenciado pela busca por ativos de risco no mercado internacional. O otimismo de investidores foi sustentado pela perspectiva de mais estímulos de alguns dos principais bancos centrais do mundo, e pela percepção de retomada da economia chinesa.

Na Comex, divisão de metais da New York Mercantile Exchange (Nymex), o ouro com entrega prevista para dezembro recuou 1,31%, a US$ 1.781,9 a onça-troy. No acumulado da semana, o preço do metal despencou 4,83%, refletindo o rali visto nos mercados desde a última segunda-feira (23).

Na manhã de hoje, o membro do Comitê Executivo do Banco Central Europeu (BCE) Fabio Panetta destacou que os dirigentes da entidade concordam com um reajuste das medidas de apoio monetário, sinalizando pela continuação da política acomodatícia para o ano que vem. A sinalização do BCE segue o que indica a ata da última reunião do Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos), que mostrou que os dirigentes a instituição também estudam ajustar seu programa de relaxamento quantitativo (QE, na sigla em inglês).

O indicador de lucro industrial da China de outubro teve salto de 28,2% ante o mesmo mês de 2019, indicando uma rápida recuperação do gigante asiático, o que contribuiu ainda para a busca por risco dos mercados.

Segundo avaliação do analista de commodity do Commerzbank, Carsten Fritsch, o clima otimista deve dar a tônica dos mercados pelo menos até o fim do ano, e o ouro provavelmente não vai retornar ao patamar de US$ 2 mil a onça-troy antes de 2021. “Não há sinal de reversão de tendência para os contratos do ouro”, diz Fritsch, relatando ainda que a demanda pelo metal vista nos primeiros oito meses de 2020 “evaporou”. O economista destaca a queda da demanda chinesa, que segundo o Departamento de Censo e Estatísitca de Hong Kong, importou menos de 2 toneladas da commodity em outubro.

Todo o ânimo dos mercados ocorre apesar do avanço da pandemia do novo coronavírus em diversas regiões do mundo que passam por uma segunda onda de infecções. Hoje, a Alemanha chegou a 1 milhão de casos, se tornando o 12º país com mais infectados no mundo e o sexto na Europa, de acordo com dados compilados pela Universidade de Johns Hopkins.