Para sair da crise aberta na Itália pelo homem forte do governo, Matteo Salvini, de extrema direita, uma série de medidas institucionais, planejadas em uma república parlamentar, deve ser seguida.

Em pleno recesso de verão, o Senado e a Câmara dos Deputados devem reabrir as portas, e os presidentes de ambas as câmaras terão de estabelecer um calendário.

Segundo a imprensa local, o Senado deverá debater a moção de censura apresentada por Salvini contra o primeiro-ministro Giuseppe Conte, figura próxima ao Movimento 5 Estrelas (M5E). Salvini acaba de romper, sem hesitação, com seus então aliados, deflagrando uma crise de governo inesperada.

A votação da moção de censura pode acontecer em 20 de agosto, oficializando a queda do governo de coalizão entre a Liga e o M5E, no poder há 14 meses.

Segundo as normas, a moção é votada primeiro no Senado e, depois, na Câmara dos Deputados. Se a primeira Casa aprovar a censura, o voto na outra é desnecessário.

Neste caso, Conte deve entregar sua renúncia ao presidente da República, Sergio Mattarella, que lhe pedirá para permanecer à frente do Executivo por mais alguns dias. É o tempo necessário para realizar as tradicionais consultas.

Mattarella, que também interrompeu suas férias, receberá os líderes dos partidos políticos representados no Parlamento e ex-presidentes para uma rodada de consultas rápidas. Depois disso, tomará uma decisão.

Se constatar, como é provável, que não há maioria parlamentar em torno de um líder político, decidirá dissolver o Parlamento, em torno de 26 de agosto, e convocará eleições antecipadas.

A partir desse momento, a Constituição exige a organização de eleições em um prazo máximo de 70 dias, necessários para os preparativos logísticos.

Quem vai liderar a Itália até o dia das eleições? Em geral, é o primeiro-ministro prestes a deixar o cargo – no caso, Conte.

Ainda conforme a Constituição, é possível considerar outras formas de governar: entre elas, um chefe de governo designado de forma provisória, ou um tecnocrata para apresentar em outubro a Lei de Orçamentos para 2020.

A bola agora está com Mattarella.