Da libertação do campo de concentração de Auschwitz, ocorrida em janeiro, ao julgamento dos líderes nazistas em Nuremberg, 10 meses depois, confira os acontecimentos-chave do ano de 1945, que marcaram o fim da Segunda Guerra Mundial:

– 27 de janeiro: Auschwitz libertado –

Os soviéticos entram no campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, onde foram encontrados cerca de sete mil sobreviventes homens e mulheres. As forças alemãs, diante do avanço do Exército Vermelho, tinham evacuado os 60 mil prisioneiros do local por meio das “marchas da morte” a outros campos situados mais a oeste.

Mais de 1,1 milhão de pessoas, entre eles um milhão de judeus, foram exterminados nesse imenso complexo de 42 km² construído no sul da Polônia a partir do ano de 1940. O local se tornou símbolo do Holocausto.

Em 24 de julho de 1944, após a descoberta soviética do campo Majdanek, próximo a Lublin, na Polônia, as tropas aliadas começaram o processo de liberação dos campos de concentração e extermínio. A última unidade a ser libertada foi Theresienstadt, situada ao norte de Praga.

– 4 a 11 de fevereiro: conferência de Yalta –

Acontece em Yalta, na Crimeia, a conferência sobre o futuro da Europa, visando o cenário de rendição da Alemanha. Entre as autoridades presentes, estiveram Joseph Stalin, Franklin D. Roosevelt e Winston Churchill, que respondiam respectivamente pela União Soviética, os Estados Unidos e o Reino Unido.

Em acordo, as três potências aliadas discutem, entre outras coisas, sobre a divisão da Alemanha em quatro zonas de ocupação, uma delas para a França.

O problema da fronteira oriental da Polônia – cuja invasão em 1º de setembro de 1939 desencadeou o início da guerra – também é resolvido. Stalin consegue o reconhecimento da linha Curzon, criada na Conferência de Paz de Versalhes em 1919, o que permite que os soviéticos tenham 40% do território polonês.

– 13 a 15 de fevereiro: Dresden bombardeada –

Durante três dias, 650 mil bombas são lançadas pelos britânicos e americanos em Dresden, leste da Alemanha.

Esses bombardeios, considerados estratégicos, deixam 25 mil mortos e destroem grande parte da cidade conhecida por ser a “Florença do Elba”, por causa do vale do rio de mesmo nome.

– 30 de abril: morte de Hitler –

Adolf Hitler se suicida em um bunker, após supostamente ter ingerido veneno junto com sua mulher, Eva Braun, momentos antes de as tropas soviéticas bombardearem a sede do governo. Como os corpos nunca foram enterrados, há divergências quanto a causa da morte do Führer.

No dia seguinte, Joseph Goebbels, segunda maior autoridade nazista, se mata ao ingerir cianeto junto a sua mulher e seus seis filhos.

Após ser preso pelos ingleses em maio de 1945, Heinrich Himmler, chefe do Esquadrão de Proteção (Schutzstaffel), conhecido como SS, também acaba se suicidando com cianeto.

– 8 de maio: Alemanha derrotada –

O suicídio de Hitler e o avanço do Exército Vermelho antecipam a rendição alemã.

A primeira ata é firmada na noite entre os dias 6 e 7 de maio em Reims, na França, no quartel das forças aliadas na Europa, local comandado pelo general americano Dwight Eisenhower.

A ata impõe que as tropas alemãs cessem os combates no dia 8 de maio, às 23h01, no horário local.

Trata-se também da data em que os americanos são escolhidos para anunciar oficialmente a vitória sobre a Alemanha nazista.

A rendição total marca o final da guerra na Europa, mas os conflitos continuam na Ásia e no Pacífico.

– 17 de julho a 2 de agosto: conferência de Potsdam –

No sul de Berlim, no castelo Cecilienhof, em Potsdam, ocorreu a última conferência entre os líderes das três grandes potências vitoriosas: o novo presidente americano na época, Harry S. Truman, além de Stálin e Churchill – esse último substituído em 28 de julho por Clement Attlee, eleito após uma nova eleição no Reino Unido.

Os acordos incluem, entre outros temas, o desarmamento, desnazificação e a democratização da Alemanha.

As potências vencedoras definem também a linha Oder-Neisse como nova fronteira entre a Alemanha e a Polônia.

No dia 26 de julho, os aliados lançam um ultimato ao Japão para exigir sua rendição.

– 6 e 9 de agosto: Hiroshima e Nagasaki –

No dia 6 de agosto, às 8h15, a Força Aérea americana lança sobre a cidade japonesa de Hiroshima uma bomba de urânio de 4,5 toneladas, o primeiro bombardeio atômico da história.

A explosão, equivalente a 15 mil toneladas de TNT, devasta a cidade. Cerca de 140 mil pessoas, de imediato e até finais de 1945, morreram por causa do incidente.

Três dias depois, em 9 de agosto, uma segunda bomba, dessa vez de plutônio, explode sobre Nagasaki, ocasionando 74 mil mortes no mesmo dia e até o final do mesmo ano.

Nesse contexto, Tóquio acaba por ceder. Anunciada pelo imperador Hirohito em 15 de agosto, a rendição japonesa é confirmada no dia 2 de setembro, a bordo do encouraçado Missouri.

A Segunda Guerra Mundial chega ao fim e deixa para trás entre 40 e 60 milhões de mortos, sendo sua metade civis, segundo historiadores. O número de judeus mortos é estimado em seis milhões.

– 24 de outubro: criação da ONU –

Quase 14 meses depois de sua adoção, no dia 26 de junho, durante a conferência de São Francisco, a Carta das Nações Unidas entra oficialmente em vigor.

A Organização das Nações Unidas (ONU), cuja sede é em Nova York, substitui a Sociedade das Nações (SDN), que falhou ao impedir a guerra.

De acordo com o documento assinado por 51 países, a nova instituição disporia de um órgão executivo, o Conselho de Segurança, no qual os cinco membros permanentes, os vencedores da guerra – Estados Unidos, Reino Unido, Rússia, além da França e China – teriam poder de veto.

– 20 de novembro: julgamento de Nuremberg –

É aberto em Nuremberg, Alemanha, o primeiro dos julgamentos da Alemanha hitleriana, que levará 218 dias para a deliberação. 22 dos mais altos dirigentes do regime nazista, entre eles o sucessor do Führer, Hermann Goering, responderiam pelos crimes contra a paz, crimes de guerra e crimes contra a humanidade.

No entanto, a sentença foi dada somente no dia 1º de outubro de 1946: doze condenações à morte, três condenações à prisão perpétua, duas condenações a 20 anos de prisão, uma a 15 anos de prisão e, por último, outra a 10 anos de cárcere.

Em 16 de outubro, dez dos condenados à morte são enforcados. Goering se matou poucas horas antes em sua cela.