O almoço de Angelo Derenze é interrompido algumas vezes pelos transeuntes, que param à mesa na entrada do restaurante Barbacoa para cumprimentá-lo, quando não para confirmar o andamento de pendências administrativas. Há sete anos na direção-geral do D&D Shopping, Derenze reconhece todos — clientes e funcionários —, por vezes sustentando conversas que se estendem com atualizações sobre o estado de saúde da família. Quando assumiu a operação, em 2015, sua missão era tornar o anexo do WTC, complexo corporativo à beira da Marginal Pinheiros, região nobre paulistana, em uma marca-conceito.

Nesses anos, o programa de relacionamento com profissionais da área da arquitetura e de design de interiores associado à intensa agenda de eventos atraíram profissionais influentes, grandes clientes e grifes para as galerias do shopping, que se tornou referência de luxo para o setor de decoração na América Latina. Hoje, Derenze vibra com sua próxima novidade: o marketplace D&D, que será lançado na segunda quinzena de março. “Não há nada parecido no Brasil com o que estamos criando”, disse. Há quase 40 anos nesse mercado, ele explica que o projeto se diferencia por unir, no ambiente digital, grandes marcas de design para casa e a curadoria de produtos — que certamente terá o dedo de Derenze. “O nosso cliente terá o D&D na palma da mão, de qualquer lugar do País.”

Na apresentação do projeto, as iniciais se destacam na fonte branca sobre o fundo preto. A proposta visual é minimalista, segundo o executivo, para priorizar os conteúdos dessa jornada de compra digital. Produtos das 40 marcas que já fazem parte do ecossistema do shopping, como Artefacto, St. James e UD House, estarão disponíveis no novo site. A par de tudo que acontece no complexo, Derenze quer um universo mais controlado para garantir que a experiência de compra virtual seja impecável. Por isso nem cogita abrir a plataforma. “Os clientes já vêm até mim com suas questões. E eu resolvo tudo”, afirmou. “Vamos garantir que o nível do serviço de compra on-line seja o mesmo.”

OUTRO OLHAR O diretor-geral trabalhou durante a pandemia para manter as operações, mesmo quando as portas do shopping precisaram ser fechadas. Ao lado dos lojistas, desenvolveu modelos de retirada de móveis e entrega expressa, o que ajudou a atender as demandas de um público que despertou para a (re)decoração nesse período. Derenze explica que o consumidor de classe A refinou o olhar sobre os ambientes nesses últimos dois anos, o que provocou o desejo de renovar a casa em busca de mais conforto e da ressignificação desses espaços. “A demanda por adegas, por exemplo, explodiu nesses dois anos”, disse. As vendas de eletrodomésticos com mais tecnologia e utensílios profissionais para a cozinha também alavancaram, ajudando a sustentar a categoria premium, em que um fogão pode ultrapassar os R$ 80 mil.

A nova operação digital é uma pegada no caminho que o diretor-geral vislumbra para o D&D Shopping que, segundo ele, não existe sem a experiência física. Idealizador dos eventos que acontecem no complexo, ele defende que esta é uma saída para se diferenciar no mercado de luxo. “É uma questão de fortalecer relacionamentos e inspirar as pessoas”, disse. Por isso, apesar de um início de pandemia aterrorizador, Derenze pôde, no ano passado, retomar seus planos de levar mostras e exposições de arte para o complexo. Em breve, ele voltará a se dedicar com mais afinco ao calendário de eventos para o lançamento de outro novo projeto, previsto ainda para este semestre: um desfile que reunirá designers de moda e de decoração para costurar suas visões sobre arte e como enxergam as tendências para esses mercados.

Com a experiência de anos como publisher de títulos de decoração e dos sete anos como presidente da Casa Cor, o executivo entende que o futuro do setor está além de vitrines ou corredores comerciais. Diante dos rostos familiares que cruzam os corredores do D&D Shopping diariamente, Derenze enxerga como os espaços (sejam eles físicos ou virtuais) precisam ser constantemente vividos para que possam se reinventar a serviço daqueles que os procuram.