O beach tennis foi criado na Itália no final da década de 1980, mais precisamente em 1987, na província de Ravena. E, após quase 40 anos, tornou-se febre no Brasil. As quadras para a prática da modalidade podem ser encontradas em condomínios, praças e até supermercados nas principais capitais e pelo interior do País. De olho no crescimento de 2000% no número de praticantes entre 2008 e 2019 pelo planeta, a Decathlon subiu à rede e adquiriu o naming rights do maior torneio do mundo, o World Sand Series, realizado até domingo (19), em Brasília. A estratégia da bandeira para o desenvolvimento do esporte em território nacional prevê, entre outras coisas, a inauguração de uma arena em parceria com a XP Investimentos em São Paulo. “Minha aposta é que o Brasil vai se tornar o maior mercado de beach tennis do mundo. E que a as tendências mundiais do esporte irão daqui para fora”, disse à DINHEIRO o francês Cedric Burel, CEO da Decathlon Brasil.

O País é o segundo maior mercado global da modalidade, atrás apenas da Itália. Estima-se que ao menos 800 mil brasileiros são praticantes, independentemente da distância para a praia. Um bom exemplo é o CT Lucas Sousa Beach Tennis, em Valinhos, cidade da região metropolitana de Campinas e a pelo menos uma hora e 50 minutos de carro do litoral paulista. O espaço aberto ao público em dezembro tem 40 quadras distribuídas em 25 mil m². Já na capital a Arena XP promete agitar um dos principais centros financeiros e empresariais do País, a avenida Brigadeiro Faria Lima. A área de 4 mil m² terá seis quadras, loja Decathlon, além de outras atrações, com previsão de abertura até agosto. “O frequentador vai poder jogar, alugar raquete, experimentar os produtos. A miniloja funcionará como prateleira infinita e ponto de retirada”, afirmou o executivo.

20% prevê crescer a decathlon no ano apesar da economia no Brasil

Maior varejista de artigos esportivos do mundo e a número dois no Brasil, atrás da Centauro, a rede francesa não tem deixado a bolinha cair. Com 65 esportes no portfólio, aposta em diversas ações para reforçar a atenção dos brasileiros para o beach tennis e incrementar os negócios. Além de comercializar raquetes, bolinhas e redes, patrocina os campeões mundiais Michele Cappelletti (Itália) e Rafaela Miller (Brasil) e tornou-se parceira do World Sand Series, também para o fornecimento de raquetes, bolas e redes. Todas as investidas por meio da Sandever, marca própria voltada à modalidade. “Ter os naming rights do Sand Series era importante para firmar um pouco o nosso posicionamento, o nosso engajamento no esporte.” Os valores envolvidos nos acordos são mantidos em sigilo .

EXPANSÃO O investimento no beach tennis é apenas parte dos projetos da bandeira para o crescimento das operações no Brasil. Com 47 lojas em funcionamento, a Decathlon prevê fechar o ano com 50 e, em até três anos, atingir 80. Em maio, a companhia deu início à expansão com a abertura da primeira unidade no Nordeste, em Salvador. Em setembro e novembro estão programadas as inaugurações de duas instalações no Recife. E, em abril de 2023, em Fortaleza.

A empresa aposta no conceito de prateleira infinita para atender os desejos dos clientes. Por meio dele o consumidor tem acesso a um portfólio com 8 mil produtos, mesmo em loja pequena — como a recém-inaugurada unidade do Leblon (Rio). “Podemos oferecer 100% do mix que temos na Europa no Brasil. Hoje, só disponibilizamos 40%”, disse Burel.

SERVIÇOS AO CONSUMIDOR Seguro, já oferecido, e leasing, em estudo, são as novidades no segmento de bicicletas. (Crédito:Marco Ankosqui )

O incremento nos negócios, com a comercialização de itens pouco habituais ao mercado brasileiro, também fortalece as vendas. São os casos de equipamentos para barcos, alpinismo e esqui. Um serviço que passou a ser disponibilizado aos clientes é o seguro para bicicleta. “Estamos testando agora o aluguel de produtos com a possibilidade de leasing, tendo como foco também a bicicleta. Uma forma de baratear o acesso ao esporte.”

A empresa tem buscado agilizar a experiência do consumidor nas lojas com a instalação de máquinas de autoatendimento para pagamento, já disponível em 18 unidades e que será expandida para toda a rede. “A decisão teve dois efeitos: resolveu o problema de fila e permitiu que as pessoas que operavam os caixas, também esportistas, pudessem atuar nos departamentos apoiando o visitante. A Decathlon possui 2,2 mil funcionários no País.

O Brasil é visto como mercado prioritário para a Decathlon. Oscila entre os dez primeiros em uma operação global em 70 países. “Acreditamos que podemos ter uma posição muito maior por causa da população e devido ao dinamismo do mercado do esporte.” Além do beach tennis, o mountain bike e o trekking têm forte procura, segundo o CEO. Isso sem contar esportes tradicionais como futebol, basquete e natação. “O perfil multiesportista do brasileiro também conversa muito com a Decathlon”, afirmou. E, apesar da redução do poder de compra da população diante do aumento da inflação, Burel acredita na projeção anual de crescimento de 20% nas vendas. E sem receio de colocar literalmente o pé na areia.