O passado gosta de bater à porta de Marc Andreessen. A última visita aconteceu há duas semanas em São Francisco, nos Estados Unidos. Durante palestra numa conferência de tecnologia, ele foi instigado a falar de um assunto já gasto em sua memória: a guerra dos navegadores de internet, os programas usados para quem salta de um endereço para outro na rede. Aos 32 anos, o fundador do Netscape, derrotado pelo Explorer da Microsoft, previu uma nova onda de ataques contra o ex-adversário. ?A Microsoft ganhou o monopólio e não soube aproveitá-lo?, afirma Andreessen, hoje diretor de três empresas de tecnologia.

Falar do passado recente não é algo muito fácil para Andreessen. Afinal, aos 22 anos, ele fundou a Netscape ao lado de Jim Clark, atualmente um próspero construtor de prédios em Miami, nos Estados Unidos. A dupla montou a empresa e lançou aquele que foi por muito tempo o mais popular navegador da internet. Quando a Microsoft entrou nesse mercado e usou práticas desleais como impedir fabricantes de computador de instalar o software concorrente no Windows, o Netscape perdeu fôlego até ser vendido para o provedor America On Line em 1998. A negociação envolvendo troca de ações chegou a US$ 4 bilhões. Andreessen não ficou bilionário porque parte dos papéis virou pó com o estouro da bolha de internet, mas ele ganhou um bom dinheiro. Hoje, ele está bem mais dedicado a esenvolver seus outros negócios. Em um deles, a Blue Coat, a idéia é oferecer para as empresas um serviço de monitoramento em tempo real das atividades dos empregados enquanto estão navegando na internet. Na segunda empresa, na qual também é sócio, o executivo pretende convencer as companhias de data center que é preciso organizar os dados dos clientes que estão espaçados nos computadores. Na terceira companhia, Andreessen ajuda a desenvolver o mercado de turismo pela internet. Essa empresa batizada de Orbitz.

Muitos perguntam por que Andreessen não retorna ao mundo dos navegadores, já que o Explorer está no seu momento mais vulnerável. O programa da Microsoft já representou 87% do mercado e hoje controla 78%. A resposta parece fácil. A oportunidade está com outras pessoas, como a comunidade de pesquisadores reunida em torno do Firefox, a grande ameaça ao Explorer, que já possui 17% desse setor. Após a batalha enfrentada contra as tropas adversárias, Andreessen acha que seu tempo passou. A vez de quem estava na fila.