Time de executivos: Ivete e o primo Cleber Sangalo, João Clemente, a irmã Cintia Sangalo, o irmão Jesus Sangalo, Ricardo Martins, o primo Alexandre Sangalo e Paulo Nunes (no sentido horário) cuidam das empresas da cantora.

Ivete Sangalo se prepara para a fotografia em sua casa de veraneio na idílica Praia do Forte, a uma hora de Salvador. Ela encosta na mesa, abre o sorriso que lhe é tão peculiar e recebe os disparos dos flashes. ?Ivete!?, chama o fotógrafo. ?Poderia fazer uma pose mais séria, de executiva?? Antes da resposta, Jesus Sangalo, irmão da cantora e seu empresário, interrompe. ?Ela não é executiva, ela é uma artista e não leva o dia-a-dia na empresa.? Ok! Ivete, de fato, não é executiva. Ela é, na verdade, a dona. Mas, com licença do compositor baiano Dorival Caymmi, o que é que essa baiana tem? Além de uma beleza encantadora e um talento ímpar para levantar o público, essa baiana de Juazeiro, prestes a incendiar mais um Carnaval em Salvador, tem oito empresas que deverão faturar R$ 40 milhões até o fim de 2007. O seu grupo, o Caco de Telha, atua em quase todas as áreas do entretenimento. Tem uma gravadora de discos, produtora de DVDs, agência de marketing promocional, organiza shows para outros artistas, realiza eventos corporativos para grandes empresas, faz festas de formaturas e casamentos, vende ingressos e os chamados abadás de blocos carnavalescos e, em breve, terá uma casa de shows para 12 mil pessoas em Salvador. ?Me sinto livre para dar a palavra final nos negócios?, disse Ivete à DINHEIRO. ?Mas a opinião do coletivo sempre foi a grande filosofia da nossa empresa.? Bota coletivo nisso!

 
Formaturas: as organizações das festas foram iniciadas em agosto de 2005 e para este ano já há nove contratos fechados.
 
 
Os negócios dessa artista arretada são comandados por Jesus Sangalo e uma equipe de outros sete executivos. Eles dirigem quase 300 funcionários e organizam 700 eventos ao ano em todo o Brasil. Do total de toda a receita do grupo, os shows e contratos de Ivete representam 70% e os outros 30% são de eventos corporativos e do faturamento com artistas empresariados pela Caco de Telha, como Banda Eva, Luiz Caldas, Netinho e outros baianos. O objetivo de Jesus, contudo, é fazer com que essa proporção se inverta nos próximos anos. ?Queremos que 80% do faturamento venha de outros negócios?, avisa Jesus, ressaltando que a idéia é inverter sem que as receitas de Ivete caiam. A julgar pela meteórica trajetória da Caco de Telha, não é de se espantar que isso aconteça em breve. A empresa, fundada em 1996 para cuidar da carreira solo da estrela, inaugurou um novo braço a uma média de um ano e dois meses. ?Elas foram surgindo de acordo com a necessidade dos nossos clientes?, diz Jesus. Entenda-se, por necessidade dos clientes, a gana de não perder oportunidades que surgiam pela frente.

 
Sem rivais: a venda de ingressos e abadás para os carnavais fora de época é feita pela Axé Mix, criada para acabar com intermediação. O abadá custa, em média, R$ 1,2 mil por três dias.
 

A primeira delas foi na venda de abadás e de ingressos para shows. Na Bahia, o negócio estava concentrado apenas na concorrente Central do Carnaval. Para não ficar na mão da empresa, criou-se, então, a Axé Mix. Deste projeto, logo em seguida, surgiu outro. Como os blocos são eventos que reúnem milhares de pessoas e dezenas de patrocinadores, a Caco de Telha arquitetou a Nova Promoções, uma empresa de marketing promocional para dar suporte aos parceiros. ?A idéia é ligar um negócio no outro?, diz Ricardo Martins, vice-presidente do grupo. Foi o casamento perfeito. Isso porque essa ligação com as grandes companhias fez surgir a Caco Eventos Corporativos. ?Quando nos ligavam para contratar um show da Ivete, oferecíamos o pacote todo?, explica Martins. Ou seja, a produção, a iluminação, o buffet, os convites e toda a organização. Foi dessa forma que conquistou clientes do porte de Unibanco, Danone, Vivo, Scania e Bradesco. O caso deste último é mostrado com orgulho. No ano passado, o banco pretendia fazer uma festa para 850 convidados brasileiros e estrangeiros na Arena Telemig, em Belo Horizonte. E, como diria Ivete, a festa rolou. A Caco de Telha transformou o ginásio esportivo em um requintado espaço, criou os convites em português e em inglês, contratou recepcionistas trilingües, decorou o lugar e coordenou o buffet. Ah! Ainda tinha um show de Ivete.

As parcerias entre as empresas e o grupo da cantora rendem negócios de todos os lados. A Avon, por exemplo, queria um show da estrela para um de seus eventos anuais. A Caco de Telha farejou um bom negócio e chamou os executivos da companhia de cosméticos para uma conversa. Saiu de lá com a tarefa de organizar o evento anual da empresa e, de quebra, intermediou uma reunião da Universal, a gravadora de Ivete, com a Avon. Desse bate-papo surgiu um dos maiores negócios do mercado fonográfico brasileiro. Antes de o álbum ?As Super Novas?, de 2005, ser lançado, a Avon comprou 500 mil cópias para revender no seu catálogo. O segredo para fechar esses contratos se esconde na imagem que Ivete Sangalo construiu ao longo de mais de uma década de carreira. ?Ela não abre portas?, diz Jesus. ?Ela escancara qualquer porta.? E prossegue. ?Se eu pudesse pôr na minha identidade que sou irmão de Ivete, poria sem dúvida.?

 
Eventos corporativos: a Caco de Telha transformou a Arena Telemig, em Belo Horizonte, em um requintado espaço para uma festa do Bradesco com 850 pessoas.

 
Não é apenas Jesus que procura usar o nome da ilustre irmã para conquistar novos clientes. Marcas como Danone, Nova Schin, Garnier, Kopenhagen e Grendene também buscam a imagem da artista para vender iogurte, cerveja, produtos de beleza, chocolate e calçados. Estima-se que o seu cachê para emprestar o nome em um simples comercial alcance R$ 500 mil ? R$ 200 mil a mais do que ela cobra por show. Só da Nova Schin, comenta-se no mercado publicitário, a musa do axé music teria recebido a bagatela de R$ 9 milhões. Ela é muito procurada porque sua imagem é muito forte. E não se trata de palpite. A agência de publicidade Young & Rubicam comprovou a força da marca Ivete Sangalo na pesquisa Brand Asset Valuator, realizada em 2005. Foram entrevistados três mil brasileiros entre 18 e 64 anos das classes ?A? a ?D? em todo o território nacional. Os resultados servem para analisar quatro pontos fundamentais para a sobrevivência de uma grife: diferenciação, estima, relevância e familiaridade. No quesito estima, a estrela perdia apenas para Ayrton Senna e Ronaldinho Gaúcho. Isso, é bom salientar, antes do fracasso do camisa 10 da Seleção Brasileira na Copa da Alemanha. A pesquisa mostrou também que ela tem uma imagem 30% mais dinâmica, 43% mais glamourosa e 11% mais divertida do que a média das celebridades. ?Dificilmente a Ivete fará propaganda de produtos chatos?, diz Cesar Ortiz, diretor de inteligência de mercado da Young & Rubicam. ?Ela sabe qual é o patrimônio dela como marca.?

É difícil ver a estrela Ivete agindo como uma estrela ? geralmente antipática ao assédio. Ela consegue passar a imagem de uma pessoa de sucesso que mantém suas raízes, sem deixar de atender o seu maior bem, os fãs. ?Ivete reúne atributos de alegria e brasilidade?, diz Eduardo Tomiya, diretor da consultoria BrandAnalytics. Mas isso não quer dizer que essa imagem seja perene. Afinal, ela é uma pessoa e não um rótulo. ?Artistas são como ondas?, diz José Roberto Martins, diretor da GlobalBrands, consultoria especializada em avaliação de marcas. ?Hoje ela é a bola da vez e amanhã alguém ocupará o seu lugar.? Pode ser. Se isso acontecer, ela ainda terá a Caco de Telha para brilhar no mundo empresarial.

 
 
R$ 40 milhões é quanto a Caco de Telha deverá faturar neste ano
 
 
R$ 300 mil é o valor estimado do cachê da artista por show
 
 
 
 
 
 
OS PONTOS FORTES DA CANTORA ????? OS MAIS ESTIMADOS PELO PÚBLICO
 
O que ela é em comparação
com a média das celebridades    Eis o resultado de uma pesquisa realizada com três mil brasileiross 
43% mais glamurosa

30% mais dinâmica

11% mais divertida
   1º Ayrton Senna

2º Ronaldinho Gaúcho

3º Ivete Sangalo
 
Fonte: Young & Rubicam   Fonte: Young & Rubicam