O americano Robert Falkenburg, cujo apelido era Bob, fundou, em 1952, em Copacabana, no Rio de Janeiro, uma lanchonete para servir hambúrgueres e cachorros-quentes. Nasceu assim o Bob’s, que agora, 56 anos depois, desfruta do melhor momento de sua história.

A lanchonete deu origem a uma rede de franquias com 622 unidades espalhadas por todo o País e faturamento de R$ 488 milhões por ano.

No seu ramo, vence o McDonald’s em número de lanchonetes, mas ocupa o segundo lugar em vendas. Mas quem está por trás deste sucesso? Falkenburg saiu do negócio ainda na década de 70.

Os donos atuais do Bob’s são dois empresários do Rio, de atuação discreta, desconhecidos em boa parte das rodas de negócio e que fizeram fortuna do zero.

Um deles é José Ricardo Bousquet Bomeny, que iniciou a vida empresarial com negócios no ramo imobiliário e fundou, depois, a rede Big Burger, marca que chegou a estar presente em três Estados. Pouco se sabe de seu estilo de gestão. Aos 70 anos, Bomeny evita compromissos públicos e fotografias por questão de segurança.

Nomeou o filho, o administrador Ricardo Bomeny, 38 anos, para a presidência da Brazil Fast Food Corporation (BFFC), a holding do grupo que controla a Venbo, dona da marca Bob’s. Por defender a militância associativa, Ricardo tornou-se vicepresidente da Associação Brasileira de Franchising (ABF) e tem planos de assumir o mais alto posto da entidade no fim deste ano. O outro principal sócio é Rômulo Borges Fonseca, um engenheiro de 57 anos, que largou bom emprego na Petrobras para se arriscar no mundo dos negócios. Farejou desde o início formidáveis oportunidades no setor de postos de combustíveis. Depois de prestar serviços para distribuidoras como Shell, Ipiranga e Atlantic, Fonseca decidiu comercializar, no início dos anos 90, Gás Natural Veicular (GNV) no Rio.

Para isso, montou uma rede própria de postos, a Rede Forza, concentrada na Baixada Fluminense, e de oficinas de conversão de combustíveis. “É um homem de visão, mas não gosta de aparecer”, diz um conhecido. Mora hoje na Barra da Tijuca e conta com excelente reputação em empresas como a Shell. É o único empresário autorizado no momento a vender combustível Shell sem ostentar a bandeira da empresa. Nos corredores desta distribuidora, é considerado um parceiro “corretíssimo”. Cultivou bons relacionamentos, tanto que o ex-presidente da Shell Omar Carneiro da Cunha tem assento no Conselho de Administração da BFFC. Procurado por DINHEIRO, Fonseca limitou-se a uma declaração protocolar: “Com a marca Bob’s consolidada, e com potencial de desenvolvimento, nos sentimos seguros para agregar à BFFC novas operações, criando um conjunto competitivo.”

José Ricardo Bomeny e Fonseca detêm cada um 33% das ações da BFFC, empresa criada nos EUA em 1996 especificamente para a aquisição do Bob’s da Vendex, companhia holandesa. A BFFC nasceu já com ações negociadas na Nasdaq, a bolsa eletrônica de Nova York. “O Bob’s não é uma rede americana, mas há quem pense assim. É um negócio genuinamente brasileiro”, diz Guillermo Héctor Pisano, presidente do Conselho de Administração. Especialistas ignoram as vantagens deste tipo de operação realizada nos EUA. A explicação formal é de que a operação permitiu arrecadar recursos estrangeiros para salvar uma marca desacreditada. Não há planos para negociar os papéis na Bovespa. Hoje, a holding tem, além do Bob’s, as marcas KFC e Pizza Hut (esta no Estado de São Paulo).