Conhecer os líderes das melhores escolas de negócios é fundamental para escolher onde fazer o sonhado curso de pós-graduação

O MBA é aquele diploma que está faltando para você crescer dentro da empresa na qual trabalha? Se for, provavelmente você deve estar se preparando para tomar duas decisões cruciais: uma renúncia e uma escolha. Voltar aos bancos escolares significa abrir mão de horas e dias de folga e dos programas de lazer com os amigos e a família durante um ano e meio ou dois, tempo necessário para obter o Master of Business Administration, um programa de pós-graduação voltado para profissionais do mercado. E para dar esse passo é preciso escolher uma dentre muitas escolas de negócios do Brasil ou do Exterior. Seus futuros mestres e doutores irão guiá-lo nas aulas e ajudá-lo a navegar por conta própria no competitivo mundo dos negócios. Por isso, é fundamental saber quem são seus líderes. Conheça nas próximas páginas seis gestores de instituições que estão fazendo a diferença na educação executiva no Brasil. São os Senhores do MBA. Certamente não são os únicos, mas lideram entidades e influenciam cursos que não podem faltar na sua lista de opções.

À frente do Ibmec São Paulo, o empresário Cláudio Haddad, 61 anos, tem uma trajetória inspiradora. Estudou até o terceiro ano de Engenharia, mas acabou se formando em Economia. Tem PhD na matéria pela Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, um dos celeiros de Prêmios Nobel. Foi professor da Fundação Getúlio Vargas no Rio de Janeiro, mas trocou a vida acadêmica pelo mercado financeiro. Sócio do mítico Banco Garantia, Haddad ganhou fortunas e conviveu no dia-a-dia com ninguém menos que Jorge Paulo Lemann, Marcel Hermann Telles e Carlos Alberto Sicupira, os donos da Brahma e fundadores da Ambev. Com a venda do Garantia em 1998 ao Credit Suisse, Haddad comprou a parte educacional do Instituto Brasileiro do Mercado de Capitais. “A educação é importante para o Brasil e achei que seria uma boa oportunidade para ganhar dinheiro”, justifica. Em 2003, ele doou o Ibmec São Paulo para uma entidade sem fins lucrativos. As unidades do Rio de Janeiro e Minas Gerais continuam independentes. Embora não dê aulas regularmente, Haddad impõe sua marca de financista bem-sucedido em toda a escola.

Atualmente, o Ibmec São Paulo tem 1.181 alunos em três programas de MBA: o MBA Executivo, o MBA Executivo em finanças e o MBA Executivo em Gestão de Saúde. A escola tem a certificação da Association of MBAs e procura alunos em fase ascendente na carreira profissional. As salas de aula são inspiradas nas da Universidade de Harvard e convidam o aluno a participar ativamente dos debates e estudos de caso. “Nosso método é centrado no aluno”, explica Irineu Gianesi, diretor de programas executivos. Na prática, não tem moleza. “O MBA exige sacrifícios. Tem que estudar muito e trazer a experiência para a sala de aula”, afirma Haddad. Para manter a qualidade das turmas, a seleção é rigorosa. “Rejeita Enmos de 25% a 30% dos inscritos.”

Outro Senhor do MBA é o engenheiro mecânico Ricardo Spinelli, 63. Mestre em engenharia de produção, é diretor-executivo do Programa FGV Management, que tem sob seu guarda-chuva os cursos de MBA da FGV do Rio de Janeiro. Fanático por jogos de negócios, em que se estimula a tomada de decisão em ambientes corporativos altamente competitivos, Spinelli virou referência do mercado de educação executiva em 1997 ao trazer para o País o modelo de curso MBA Executive, comum nos Estados Unidos. “Fomos ver o que era e percebemos que poderia dar certo no Brasil também”, conta ele. A escalada de Spinelli se deu aos poucos e de tal forma que, hoje em dia, é raro pegá-lo falando do próprio trabalho sem incluir, nessa conta, a participação de uma equipe no processo. Isso sem deixar de chamar para si a responsabilidade maior de fazer tudo dar certo. “Eu sei que tudo passa pelas minhas mãos. Mesmo dependendo e precisando muito dos outros, eu sei o peso que tenho”, diz ele. Ex-diretor do IBMEC e da COPPEAD/ UFRJ, Spinelli comanda uma rede de mais de 800 professores.

Na FGV paulista, o departamento de educação executiva da entidade é dirigido por Paulo Lemos. Fundador do Coppead/UFRJ e mestre em Engenharia Industrial pela Universidade de Stanford (EUA), Lemos, 64 anos, já passou pela iniciativa privada e teve experiência na vida pública. Formado em engenharia mecânica pela PUC/RJ, fez engenharia industrial em Stanford, nos Estados Unidos. Anos depois, tirou um período sabático, foi para Salvador e trabalhou na Secretaria da Indústria e Comércio da Bahia. De lá, pulou para o outro lado do balcão: recebeu uma proposta da Odebrecht Química em 1991 e, após 11 anos, aposentou-se. Foi quando recebeu um convite da FGV. Lemos diz que tem uma teoria própria. “Só faço aquilo que realmente me empolga”, diz. Sob a sua coordenação, a FGV-SP mantém uma análise de qualidade do curso de MBA que faz muita gente torcer o nariz. Os alunos dão nota aos professores. Quem leva menos de sete perde a cadeira. “Não tem discussão. Sai mesmo”, diz.

Um de seus principais concorrentes é o economista Claudio Felisoni de Angelo, presidente da Fundação Instituto de Administração há seis anos. Com graduação, mestrado e doutorado pela USP, Felisone, 52 anos, gerencia uma estrutura de 380 professores e 68 cursos, incluindo os 13 MBAs. Sua paixão é a área de varejo e consumo. Ele criou o Provar (Programa de Administração de Varejo), o único MBA em varejo do Brasil. De frases fortes, idéias claras e postura direta, Felisoni dá aulas de estratégia na Economia da USP. Quer convencer os alunos de MBA que a FIA é o melhor lugar para se estudar. “Tudo o que faço é com base em dados, pesquisas e análises profundas. Esse é o meu legado”, diz.

Nada substitui a experiência e a vocação das pessoas, diz Almeida

Em Minas Gerais, o ex-jornalista e economista Emerson de Almeida comanda a Fundação Dom Cabral, resultado de um projeto de sua autoria. O que era um despretensioso curso de extensão da PUC-MG tornou-se uma das melhores escolas de negócios da América Latina, com direito a figurar na lista do jornal inglês Financial Times. Se há 40 anos ele atuava como repórter do Jornal do Brasil, hoje ele comanda uma escola que formou lideranças econômicas como Henrique Meirelles, Luiz Fernando Furlan e Alcides Tápias. Até hoje seu faro de repórter detecta oportunidades. “O jornalista tem as antenas ligadas permanentemente. Vasculha, conversa com pessoas, tem um radar conectado ao mundo exterior”, diz Almeida. Ao longo dos anos, ele desenvolveu parcerias com renomadas instituições, como a Kellog University, a University of British Columbia e o ICAD. Mas o forte da Dom Cabral é o relacionamento estreito com mais de 300 companhias. O MBA Empresarial surgiu em 1996 para criar uma massa crítica de executivos com as competências necessárias para serem sucessores nas empresas. Almeida, por sua vez, nunca fez MBA. “Todo aprendizado é válido e importante, mas o MBA não é garantia de nada. Nada substitui a experiência e a vocação das pessoas”, afirma.

Um dos herdeiros do Banco Pecúnia, Heitor Penteado, descobriu sua vocação quando foi para a Suíça fazer um MBA na Business School Lausanne. Junto com outros colegas brasileiros de MBA, criou, como trabalho de conclusão de curso, o projeto de uma escola de negócios no Brasil. Quando voltou ao Brasil em 1994, e com o patrocínio familiar, Heitor e seus sócios convidaram o professor Wolfgang Schoeps, um dos fundadores do MBA da FGV para comandar a parte acadêmica do que seria a Business School São Paulo. Um ano depois, inauguraram a escola. O primeiro curso foi o Executive MBA, lecionado em inglês. “Queríamos formar o executivo global”, explica. Hoje, o presidente da BSP está de volta à sala de aula. Faz mestrado em administração na PUC-SP. “Meu grande sonho é dar aula”, planeja.