Mister Louiz e mister John. Não há quem freqüente as tradicionais feiras náuticas nos Estados Unidos e não os conheça. São como grifes quando o assunto é design de barcos. Eles respiram iates, pensam em lanchas e sonham com mar 24 horas por dia. Talvez seja por isso que esses dois têm feito tanto sucesso em um país cujo
mercado náutico gira em torno de 1 milhão de unidades por
ano. Mas já que nem todos freqüentam feiras náuticas e não os conhece, vamos às apresentações: Mister John, de 38 anos, é na verdade João Rodrigues, brasileiro consultor da companhia aeroespacial Lockheed Martin e CEO da Bugatti Yachts, empresa que desenvolve fantásticas embarcações de até 420 pés. Sir Louiz, é Luiz de Basto, de 52 anos, português naturalizado brasileiro, dono do estúdio Luiz de Basto Design e vencedor de vários prêmios de design nos Estados Unidos.

Os dois nunca se cruzaram nem trabalharam juntos, porém, têm muita coisa em comum. Ambos saíram de São Paulo, na década de 90, para morar na Flórida, nos EUA. Batalharam espaço, mostraram trabalho e conseguiram deslanchar em um mercado onde predominam profissionais americanos. Luiz de Basto, por exemplo, cursou arquitetura no Mackenzie e nunca havia imaginado entrar nessa área. ?Eu queria desenhar carros?, diz ele. Mas uma onda mudou o rumo de sua vida. Em 73, o pai de uma amiga sua queria fazer um barco. ?Eu ajudei e me apaixonei pelo trabalho. Mesclava a arquitetura com o design dos barcos?, diz ele. Aquele trabalho foi o início de uma carreira brilhante. Montou o stúdio Villa Design e desenhou várias embarcações no País. Mas os ventos do Plano Collor, em 90, mudaram o rumo de sua vida. ?Quase não tinha trabalho no Brasil e tive de ir para os EUA?, diz ele. Para lá, levou um de seus projetos mais inovadores: um barco que virava trailer. O sucesso foi tanto que Luiz fincou os pés na terra do Tio Sam. Hoje, faz projetos para milionários do mundo inteiro. Entre os seus novos barcos está o Yara. Encomendado por um magnata do Oriente Médio, ele tem 138 pés e um design parecido com o de uma lancha off shore. Outra de suas criações é o Genesis 153. O iate de US$ 22 milhões foi vendido em três dias de exposição e esbanja luxo. São quatro andares, cinco camarotes, biblioteca, academia de ginástica e elevador. A suíte principal tem 200 m2 e é decorada com móveis do estilista Ralph Lauren.

Enquanto em toda a sua vida Luiz trabalhou com barcos, John, formado em direito pela PUC, de São Paulo, vivia atarefado com contratos internacionais. Com a abertura de mercado em 90, ele abriu uma empresa de importação e exportação e começou a trazer iates para o País. Depois, montou uma subsidiária nos EUA chamada Bugatti Marine. ?Trabalhando no mercado americano percebi que poderia ir mais longe quando o assunto era tecnologia?, diz John Rodriguez. Viajou ao redor do mundo e fechou parcerias com as maiores companhias de tecnologia marítima do planeta. Hoje a sua empresa faz iates com equipamentos usados até mesmo em navios de guerra da Marinha americana. De olho nos maiores estaleiros do mundo, aprendeu a desenhar e a conceber supermáquinas dos mares. Seu conhecimento na área é tão grande que a empresa aeroespacial Lockheed Martin contratou-o para ser um de seus consultores. ?Eu implemento tecnologia militar em barcos civis?, conta John. Agora está desenhando o Corsa, um iate de US$ 12 milhões. Esse navio contará com duas turbinas de avião. Isso faz com que a embarcação atinja 120 km/h, enquanto os navios deste porte não passam de 70 km/h. Mais uma criação que promete fazer sucesso nos Estados Unidos e, quem sabe, no Brasil.