Nesta semana haverá a 240ª reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Até há poucos dias, a convicção dos especialistas do mercado era unânime. A taxa referencial Selic, atualmente em 4,25% ao ano, deveria subir para 5,00% ao ano. Sem questionamentos, vamos voltar a acompanhar os Jogos Olímpicos.

Isso até meados da semana passada. Porém, os índices mais recentes de inflação mostram que os preços estão subindo muito mais depressa do que se esperava, devido à alta dos combustíveis e dos alimentos.

Taxas longas de juros recuam, mas riscos locais limitam melhora com exterior

As variações dos últimos dias têm afetado os prognósticos. Por exemplo, a edição mais recente do Relatório Focus, divulgada nesta segunda-feira, mostra que a inflação esperada para este ano subiu para 6,79%, ante 6,56% da semana passada. Há pouco mais de seis semanas, essa projeção não chegava a 6%.

Como é possível antecipar isso? O fato de as expectativas do mercado terem mudado pode ser comprovado pela variação nos preços das opções de Copom. Complicou? Vamos explicar rapidamente.

Essas opções são diferentes daquelas negociadas no pregão da B3. Funcionam muito mais como apostas. Os participantes testam diversas probabilidades. De chover ou não. De um determinado time de futebol ganhar ou perder. E também da decisão do Copom.

Por exemplo, um participante pode lançar uma opção, dizendo “pago 30% se o Copom elevar os juros em um ponto percentual”. Quem compra essa opção paga os 30% do valor da opção ao lançador e ambos esperam o resultado do Comitê ser divulgado.

Se o resultado se verificar e o Copom de fato elevar a Selic em um ponto percentual, o comprador da opção recebe 100 e lucra 70. Quem vendeu a opção paga 100. Descontando-se os 30 recebido, ele perde 70. Um comemora os lucros, outro diz alguns palavrões, e ambos esperam a próxima reunião do Copom.

Essas opções são uma boa indicação das expectativas do mercado. Na sexta-feira, as opções encerraram o pregão pagando probabilidade de 80% para uma alta de um ponto percentual. Ou seja, considera-se que a essa probabilidade é elevada.

Em meados de julho, há pouco mais de dez dias, as opções de alta de 0,75 ponto percentual pagavam algo ligeiramente acima de 60%. No encerramento do pregão de sexta, precificavam 7,5%, uma queda acentuada e rápida.

Essa perspectiva é compartilhada por vários bancos e associações. Ao longo dos últimos dias, a Associação Brasileira de Bancos Comerciais (ABBC), bancos grandes como o Bradesco e menores como o Paraná Banco divulgaram relatórios em que dizem esperar uma alta de um ponto percentual.

Qual o impacto disso nos investimentos? Como boa parte dos profissionais do mercado já colocou esse número nas avaliações, a confirmação dessas expectativas não deve provocar muitos solavancos no mercado. Já uma confirmação das expectativas anteriores, com a elevação da Selic para 5,00% ao ano, vai provocar um movimento abrupto de correção de preços.

O que esperar? Muito provavelmente, uma alta dos títulos vinculados à inflação, pois essa atitude mais “suave” do BC indica que a autoridade monetária será mais flexível e tolerante com a inflação. O mesmo vale para a taxa de câmbio.

Ou seja, será um semana de fortes emoções no mercado.